Desafio dia 6
"Cama"
Olho a nossa cama.
Palco vazio sem o drama, sem a comédia,
do nosso amor.
A nossa cama branca,
branca página, em silêncio,
de onde tudo se apagou...
do nosso amor.
A nossa cama branca,
branca página, em silêncio,
de onde tudo se apagou...
(Meu Deus! quem poderia ler aquelas ânsias, aqueles gemidos,
aqueles carinhos
que a mão do tempo raspou, como nos velhos
pergaminhos?...)
aqueles carinhos
que a mão do tempo raspou, como nos velhos
pergaminhos?...)
A nossa cama
imensa como a tua ausência,
tão ampla, tão lisa, tão branca, tão simplesmente cama,
e era entretanto, um mundo
de anseios, de viagens, de prazer,
- oceano que teve ondas e gritos encapelados,
nele nos debatemos tantas vezes como náufragos
a nadar... e a morrer...
imensa como a tua ausência,
tão ampla, tão lisa, tão branca, tão simplesmente cama,
e era entretanto, um mundo
de anseios, de viagens, de prazer,
- oceano que teve ondas e gritos encapelados,
nele nos debatemos tantas vezes como náufragos
a nadar... e a morrer...
Olho a nossa cama, palco vazio
em nosso quarto - teatro fechado –
que não se reabrirá nunca mais...
em nosso quarto - teatro fechado –
que não se reabrirá nunca mais...
Nossa cama, apenas cama, nada mais que cama
alva cama, em sua solidão,
em seu alvor...
alva cama, em sua solidão,
em seu alvor...
Nossa cama
- campa (sem inscrição)
do nosso amor.
- campa (sem inscrição)
do nosso amor.
(Poema de JG de Araujo Jorge, do
livro – Quatro Damas – 1965)
livro – Quatro Damas – 1965)
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