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sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Podia escrever aqui mil coisas



 Podia até arranjar as palavras mais bonitas do dicionário para as vestir com a melhor roupagem. Para que elas trajassem bem. Para que impressionassem. Podia até dar ênfase ao verbo. Fazê-lo reinar. Ser Rei.
Podia escrever, aqui, mil coisas.
Mas sempre me disseram que o melhor da vida não se diz, não se escreve, não se conta. Sempre me disseram que o melhor da vida vive-se. Fora das câmaras, fora dos holofotes, das luzes da ribalta. Sempre me disseram que o melhor da vida se vive offline, num qualquer recanto onde se eternizam momentos, onde se criam instantes, onde se constroem memórias.
Sempre me disseram que o que conta não são as palavras.
Sempre me disseram que o que fica são os sorrisos, é o toque que adivinha a textura duma pele, é um beijo que reconhece uns lábios, são os silêncios que dispensam as palavras.
Podia escrever, aqui, mil coisas.
Mas sempre me disseram que o melhor da vida se deve guardar para nós.
Sempre me disseram que o melhor da vida não vem nos livros.
Que não se conta. Vive-se.

Fui viver.
Queres viver isto comigo?