Um
dia, enquanto passeavam, o Amor distraiu-se com algo, largou-lhe a mão
e, quando volveu o olhar, ela tinha desaparecido. Como um louco,
deambulou pelas ruas, tentando desesperadamente encontrá-la em cada voz,
em cada olhar, em cada boca. Em vão. As palavras que ouvia não eram as
dela, o desejo e os sonhos, que lia nos olhos que encontrava, não eram
os dela e os lábios que beijava não tinham o sabor dos dela. Ela não
estava em lado nenhum. Ela não estava em ninguém.
Ela sabia que
ele não encontraria, sozinho, o caminho de volta. Era frágil ainda para
grandes façanhas e desnorteava-se com muita facilidade. Precisava que o
guiassem, que lhe dessem força e coragem.
Por isso, todos os
dias, ela saía de casa, embrenhava-se na multidão e procurava-o. Estava
certa de que o encontraria. Bastar-lhe-ia escutar com muita atenção
todos os corações. Tinham-lhe contado que os que batem mais forte são os
que albergam o Amor. E ela acreditou.