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quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

Ela é tão diferente das outras...

Ela é tão diferente das outras... 
Ela já passou por tanto e isso não a fez amarga. 
 Não lhe tirou a doçura, não a fez menos intensa. 
 Ela sabe exatamente o que quer das pessoas e como fazer o tempo com elas valer a pena. 
Sabe rir dela própria e das situações que, tantas vezes, não são para rir. 
Já sofreu por amor, já se destruiu e já se reinventou. 
 Ela não te pede para ficar, porque sabe que o amor não se mendiga. 
 Pelo contrário, ela faz-te permanecer na sua vida porque gosta de deixar as coisas num patamar bonito. 
 Porque em algum momento as pessoas foram importantes e, dependendo dos actos, há sempre lugar para lembranças e para a amizade. 
Ela não gosta de gente mal humorada, de gente que não sabe rir. 
 Não gosta de esperar, mas espera uma vida inteira se valer a pena. 
 É a mesma que sai pela madrugada e a mesma que chora sozinha num quarto. 
 É a mesma que gosta de uma mesa cheia de gente e a mesma que pede silêncio para ler um livro. 
Ela pode ser o doce e o agreste. 
 A dor de cabeça e a cura numa só pessoa. 
 É perfeitamente imperfeita e aprendeu a gostar dela assim. 
 Já não faz fretes e não quer saber do que os outros pensam a respeito dela. 
 Ela sabe quanto vale, mesmo que às vezes o negue. 
 É durona, mas sensível. 
 É rude, mas romântica. 
 Calça sapatilhas e usa batom. 
 Ela gosta de chuva, mas não gosta de molhar o cabelo. 
 É cheia de peculiaridades e é isso que a destaca. 
 É profunda no sentir e desligada à superfície. 
 Confia desconfiada. 
 Mas ouve o coração, mesmo que isso a magoe tantas vezes. 
 Mas vive. 
 E quando gosta não há como não se dar. 
 Ganha certezas e tem poucas dúvidas, porque não lhe tiraram a capacidade de acreditar, de sonhar. 
 Cheia de medos? Quantas vezes! 
 Mas ela sabe que o medo não é maior do que ela... 
 E foi no medo que tantas vezes foi feliz. 
 No incerto, nos acasos que nunca o são. 
 E isso ninguém lhe tira. 
 Ela tem o génio difícil, ela sabe disso, mas quem a atravessa por dentro, sabe toda ela é cor. 
Ela é incrível e (já) não aceita que a tratem por menos do que isso.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

Encantos meus


 

Encanto-me sempre nas pequenas coisas. 
Nos detalhes. 
Nos pormenores. 
Naquela mensagem de bom dia. 
Naquele telefonema "só para saber de ti". 
Encanto-me na simplicidade de um gesto que eu consiga perceber que pensaram em mim.
Ganham-me sempre por aí. 
No cuidado. 
Na atenção. 
No trato. 
Não preciso de grandes feitos, mas que não se descure o simples... 
Que vai tantas vezes para além do óbvio.
É nos pormenores que vemos a importância que nos atribuem. 
É nesse cuidado de todos os dias que nos acrescentam. 
É nessa simplicidade das pequenas coisas, que nascem os sentimentos mais profundos e bonitos.
E o que para tantos é irrelevante, para mim, é essencial. 
Não sei viver sem isso. 

sexta-feira, 25 de novembro de 2022

Senta-te aqui...


 

Quero-te contar como foi o meu dia hoje.
Quero-te falar daquele livro que eu li e me fez pensar que quero viver uma história assim. 
Quero-te mostrar aquele filme que me fez chorar e que gostava de tê-lo visto contigo.
Senta-te aqui...
Quero-te mostrar todas as particularidades do meu ser, até as mais estranhas...
Senta-te aqui...
Quero-te mostrar as fotos que tirei no outro dia, quando fui ver o mar e jurei baixinho que um dia também estarias ali.
Quero-te falar dos bolos que sei fazer e quero-te dizer como gosto de tomar o meu chá. Quero-te mostrar o batom novo que comprei e que, provavelmente não usarei, mas que combina com o vestido por estrear há anos no armário.
Enquanto eu preparo o jantar e tu abres uma garrafa de vinho e dizemos parvoíces de sorriso rasgado.
Quero-te mostrar o último texto que escrevi com o meu coração pousado em ti...
E quero que ouças aquela música nova daquele cantor que, nem sabes quem é, mas que eu te vou fazer ouvir...
Vou apresentar-te os meus amigos e o que gosto de beber e espero que te sintas em casa.
Vou mostrar-te a minha colecção de sapatilhas e ai de ti que digas que são demasiadas...
Quero que saibas quem sou em cada lugar onde te levar, em cada frase feita, em cada entrelinha.
E diz-me, se vens por um instante ou por uma vida inteira...


quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Na estrada da vida...


 

Encontraram-se, por acaso, numa rua desta vida...
Cruzaram-se num caminho incerto que, provavelmente, não os levaria a lado nenhum.
Sabiam exatamente quais eram os obstáculos e sabiam que se tinha descontrolado tudo aquilo que não previram.
Precisavam decidir a angústia entre o ir e o ficar, precisavam pensar menos e apenas permitirem-se viver...
Ambos sucumbiram ao sentimento.
Ambos se entregaram com a consciência de um futuro improvável...
E ambos não sabem o que fazer com o medo.
Querem muito ser felizes, mas não têm a certeza de isso poder acontecer em conjunto.
Ambos se querem e se sentem...
E ambos estão à procura de razões para que isso não aconteça.
Querem estar juntos, mas não querem sofrer.
Querem deixar-se ir, mas ainda levam os freios no coração...
E demasiadas nuvens na cabeça.
Encontraram-se por acaso e não sabem se a vida lhes permitirá mais encontros.


quarta-feira, 26 de outubro de 2022

Pessoas...


 

As pessoas mostram -nos sempre qual é o lugar que ocupamos nas suas vidas. Mostram com palavras, mas principalmente com acções. 
A prioridade que te dão fica por conta das vezes que (não) te procuram. 
Nas desculpas esfarrapadas que se perdem no ridículo. 
Nas coisas que fazem nas tuas costas quando acham que ninguém está a ver. 
Nos interesses colocados acima dos valores. 
Nos silêncios que ocultam o que já desvendamos há muito. 
As pessoas dão sinais. 
Sempre. 
E nem sempre são claros em primeira instância ou nem sempre queremos ver. Mas estão lá. 
E, como em tudo na vida, vai doer, mas também vai passar.
Eu já não pergunto o porquê. 
Já não peço justificações. 
Porque nada do que possa ser dito vai atenuar a acção. 
Porque, ainda assim, na maioria das vezes, as pessoas escolhem sempre o caminho da desonestidade. 
Da falta de princípios. 
Então não me permito perder tempo a ser enganada de novo. 
Primeiro assisto. 
Depois tomo notas. 
E depois afasto-me. 
A minha sanidade mental depende disso. 
De tirar de perto de mim tudo o que não me acrescenta. 
De saber que nem toda a gente vale tanto e de que eu não mereço tão pouco.
Nunca conhecemos verdadeiramente as pessoas. 
E, quem dorme connosco na cama, quem come connosco na mesa, são por norma, os primeiros a puxar o tapete. 
E se não tens certezas, mas ainda assim duvidas, sai. 
Em silêncio. 
Porque a dúvida é tudo aquilo que é semeado onde falta verdade. 
E onde há verdade, não há dúvida.

segunda-feira, 26 de setembro de 2022

E se...


 

Finge que nos vimos pela última vez... 
Que dissemos as últimas palavras e que também aquele abraço foi o derradeiro. Fecha os olhos e imagina que nunca mais nos veremos, nem nos sentaremos à mesma mesa. 
Finge que a vida acaba aqui e lembra-te dos lugares que visitamos e os tantos que ficaram sem nós. 
Lembra-te das coisas bonitas que temos guardadas e das vezes que pensamos que o tempo não acabaria nunca. 
Imagina o meu contacto no telemóvel sem a presença. 
Imagina as lembranças sem o corpo. 
Pensa nas vezes em que não te perguntarei se estás bem ou nas mensagens que não chegarão para saber de ti.
Pensa nos risos que partilhamos e nas coisas parvas que não se repetirão... 
Nas confissões da madrugada entre copos, nos sonhos pousados em cima dos medos que, tantas vezes, deixamos que levassem a melhor.
Finge que (já) não estou aqui e que a minha voz se cala, e diz -me o que ficou por dizer... 
Conta -me o que faltou fazer. 
Finge que não te vou ouvir e diz-me o que queres dizer como se estivesses sozinho(a) no mundo... 
Finge que nos vemos pela última vez e conta-me tudo como se os dias se fossem tornar eternos e nós imortais. 
E eu... 
Eu finjo que não parti e que amanhã teremos mais uma oportunidade de transformar o último dia.


quinta-feira, 8 de setembro de 2022

Parem de romantizar...


 Se parássemos de romantizar e de inventar versões de como gostaríamos que fossem as pessoas, pouparíamos grande parte das desilusões.
É preciso deixar de procurar justificações para comportamentos que não são justificáveis.
É absolutamente necessário, não alimentar vazios.
Se, de cada vez, que sentirmos a falta ou até saudade de alguém, nos lembrarmos de como a pessoa nos fez sentir a dado momento ou onde ela estava quando precisamos, talvez conseguíssemos tirá-la definitivamente das nossas vidas.
Há pessoas que não são para nós.
Há coisas que não são para acontecer.
Porque, na verdade, tudo o que sentimos falta é de tudo o que a pessoa não foi, tudo o que a pessoa não foi capaz de fazer.
E, se de cada vez, que a mão tremer e o coração apertar com vontade de mandar aquela mensagem, nos lembrarmos de quantas vezes sorrimos na presença dessa pessoa e de quantas vezes ficamos tristes, ficaríamos quietos.
Alguém que te faz sentir coisas menos bonitas, que te deixa frustrada, que não dá a menor importância ao que tu sentes, que não te ouve...
É isso que determina quem é ela é...
E não quem gostarias que ela fosse. Gasta o teu tempo com alguém real que, genuinamente, te aprecia.
Gasta a tua energia com alguém que não tenha medo de ser vulnerável.
Não inventes versões irreais de gente que só existe na tua cabeça.
Vai poupar-te as dores e os desamores.

quinta-feira, 18 de agosto de 2022

E se o amor aparecer...


 

E se for para acontecer, não quero nada de tudo aquilo o que já foi escrito. 
Pelo contrário, quero tudo aquilo que, de tão bom que é, as palavras não bastem. Quero a intensidade daqueles amores breves de Verão, mas capazes de durar a vida inteira. 
Quero alguém que me desperte a mente e me desafie todos os dias. 
Que (me) veja para lá do óbvio e que me tire os pés do chão. 
Dispenso as rotinas e as coisas sempre programadas. 
Gosto da imprevisibilidade de alguém que chega só para te fazer sentir.
Quero entregar o meu coração a alguém que não tenha medo, que tenha consciência do quão fugaz é a vida e a queira de facto viver. 
Sem pensar muito. 
Sentir. 
Ir. 
Fazer acontecer.
Não quero quem me diga as mesmas coisas dia após dia e que me leve aos mesmos lugares de sempre com as pessoas de sempre. 
Quero tudo ao contrário. 
Novidade em cada dia como se tudo cheirasse a primeira vez. 
Quero sentir o friozinho no estômago quando sei que está para chegar e quero sentir o aperto no peito, quando for a hora de ir. 
De que serve o sentir sem esses extremos opostos?
Quero alguém que me faça ser tudo aquilo que sou e mais aquilo que quero ser e que, no final, sorria agradecido pela sorte que lhe calhou. 
Quero a lotaria do amor. 
Aquela que sai uma vez na vida e te faz ter um encontro de almas.
Quero alguém que tenha a alma colorida e que pinte a vida com essas cores... Alguém que (me) descubra nas coisas que eu não digo e que me faça ser capaz de acreditar em tudo. 
Quero um amor de Shakespeare com os poemas de Fernando Pessoa.


segunda-feira, 25 de julho de 2022

Desculpa meu amor;


 

Desculpa por todas as vezes que fingi não te ouvir.
 Desculpa por todas as vezes em que me coloquei em situações que, sabia de antemão, que te magoariam.
 Desculpa não te ter tratado como merecias e desculpa ter-te levado ao ponto de ruptura.
 Desculpa ter-te levado para todo o lado e no final ter-me esquecido de te trazer de volta.
 Desculpa-me.
 Desculpa-me ter, tantas vezes, feito dos outros prioridade quando tu me necessitavas mais do que todos.
Desculpa ter ignorado quando me dizias que o cansaço era muito e desculpa ter arranjado desculpas para tudo o que me fazias sentir.
Desculpa ter-te feito sentir que não eras suficiente.
Sabes, tantas vezes o ouvimos ao longo da vida que, às páginas tantas, começas a acreditar nisso.
Desculpa ter-te confundido quando me deste sinais claros.
E desculpa ter feito de ti um acessório para não me deixar morrer. Desculpa todos os gritos que te silenciei e desculpa ter calado todas as tuas vontades.
O medo é fodido, sabes?
Desculpa por todas as vezes em que te quis pedir desculpa e continuei a perpetuar comportamentos por facilidade, por não querer ver.
Mil vezes desculpa...
Porque, no final do dia, és o único a quem devo satisfações e o único que fica, mesmo depois de te tratar mal.
 

 

Nota mental: para o meu coração. O único que me mantém viva e que, tantas vezes, quase matei .


quarta-feira, 29 de junho de 2022

Há um amor...


 

Há um amor que me falta nas paredes cheias de um coração roto. 
Há uma saudade que não se explica nos lugares vazios.
No mundo ideal, nas utopias imaginadas com tudo aquilo que gostaríamos de ter, imagino experimentar o outro lado...
O do amor recíproco. 
Sem mas. 
Sem porquês. 
Só sentir e fazer sentir. 
Imagino perder-me nos pormenores e nas pequenas coisas do dia a dia que, são ainda as poucas capazes de revelar um coração. 
Imagino aquele desejo carnal aliado ao sentimento tão bonito de querer guardar a pessoa para sempre. 
Imagino o que é ter alguém que te dê tudo aquilo na medida do que tu dás. 
E não, não preciso disso para me sentir completa, mas gostava. 
Não quero morrer sem isso. 
E no fundo, é isso que praticamente todos buscamos, embora poucos o admitam.
No mundo real, onde já ninguém se preocupa com ninguém, onde as pessoas batem com a porta com a mesma facilidade com que a abriram, só quero viver. Mas com verdade. 
Com total transparência. 
Cartas em cima da mesa e jogo limpo. 
Quero ter a certeza do que posso e não posso dar e do que é para ser em vez de ter que adivinhar. 
É pedir assim tanto?
 

quarta-feira, 8 de junho de 2022

Cansei-me!!!


 

Não vou pedir licença para existir e não vou pedir desculpa por ser quem sou. 
Não vou deixar de acreditar em tudo o que acredito e não me desvio um só milímetro para agradar seja a quem for.
Já não me preocupo com o perder pessoas. 
Na maioria das vezes, perdemo-nos a nós para não perdermos alguém e no fim acabamos a perder na mesma. 
Já não quero saber. 
A prioridade sou eu. 
Egoísmo ou amor próprio?
 Talvez um pouco de ambos. 
Talvez a consciência de que no final poucos são os que ficam, poucos são aqueles que realmente se preocupam em saber quem tu és. 
A verdade é que ninguém se importa com ninguém. 
As pessoas vêm o que querem ver, da forma que querem ver. 
Ninguém se vai colocar no teu lugar e ninguém te vai perguntar se estás bem ou o que estás a sentir, por isso não percas tempo a tentar provar contrário. 
A ideia que formaram sobre ti é aquela que vão manter. 
Por preguiça. 
Por conveniência. 
Até por maldade. 
Segue em frente. 
Senta e assiste. 
Quem tu és não depende da opinião alheia... 
E no final das contas, a vida encarrega-se sempre de colocar as coisas no sítio certo. Até lá... Respira, respeita -te e ignora.

terça-feira, 17 de maio de 2022

Nunca escrevi sobre ti.


 

Escrevi para mim. 

Por mim. 

Para me obrigar a lembrar de onde vim e para onde não voltar. 

Para não me desviar de quem eu quero ser. 

Escrevo porque as palavras se eternizam quando tudo o resto desaparece. 

Escrevo para me entender, para me ouvir também. 

Escrevo quando, nem sempre, me apetece falar.

Escrevo se estiver feliz ou triste, não interessa. 

Escrevo sobre os meus tudos e sobre os meus nadas. 

Escrevo essencialmente para me manter sã, para me sentir viva. 

Escrevo para ser ouvida, escrevo para que me vejam, quando todas as palavras em viva voz se gastaram. 

Escrever, nunca foi sobre ti ou sobre os outros. 

É e será sempre sobre mim e para mim. 

É um acto claramente egoísta que faço por necessidade. 

É a única coisa que faço genuinamente com o coração pousado em mim, independentemente de todas as palavras que possam passar nos meus pensamentos, independentemente de ser o certo ou o errado... 

É meu. 

É o que me vai no peito. 

É, muitas vezes, a única forma plausível de me libertar. 

É escrevendo que me encontro.

 E é quando escrevo que, encontro gente como eu... 

Que me sinto menos extraterrestre. 

E, embora possa ter uma vida cheia de situações e de intervenientes, escrever será sempre sobre mim... 

E para mim.


sexta-feira, 29 de abril de 2022

Passado que teima em ser presente...


 

Houve um tempo em que te escrevia coisas bonitas, mas não sei se alguma vez me chegaste a ler. 
Escrevia para me libertar, para me fazer ouvir ou simplesmente por não ter com quem falar sobre isso. 
Escrevia-te coisas bonitas, tantas vezes, que passei a acreditar nelas também. Era assim que te via, tal e qual como te escrevia... 
Pleno de tudo e com tudo aquilo que eu achava que precisava. 
E romantizei tudo o que nós éramos, sem perceber o que éramos realmente. Talvez, dois emocionados, com o coração a transbordar de sentimento, mas com a cabeça formatada para não fazer acontecer, com tudo o que isso inclui, nunca nos soubemos ajustar à medida do outro. 
A tua chegada à minha vida deixou tudo do avesso e a tua presença era forte, mas nunca me senti segura. 
Não sabia como lidar com isso. 
Demasiadas mentiras e omissões. 
Demasiados jogos mentais. 
Tudo era demasiado. 
E faltou um pedido de desculpas, que teria sido determinante para todo o desenrolar da história. 
Nunca houve. 
Quando chegou era tarde demais.
E procuraste-me, tantas vezes que lhe perdi a conta e jurava a mim mesma que acabaria por te perder o rasto... 
Mas arranjas sempre uma forma de me encontrar e de te fazer presente.
No entanto, tu és a personificação de como o sentimento só não chega... 
De como temos que nos fazer prioridade em detrimento do outro. 
Tu és a história, cheia de coisas bonitas também, que eu guardo, para me lembrar de tudo aquilo que não quero repetir. 
E sei que fui intransigente e implacável contigo. 
Não fui capaz de te dar uma segunda oportunidade, mas não me arrependo. 
Com os (d)anos há coisas que só nos permitimos passar uma vez e é um facto de que toda a gente erra, mas a diferença está na intenção e no que fazes a seguir com isso. 
Sempre que penso em ti, sei que tomei a decisão certa.

segunda-feira, 7 de março de 2022

Os devaneios continuam...



Os meus amigos nunca te verão sentado na mesma mesa, nem saberão que foste tu que me trouxe paz no meio do caos. Os meus familiares nunca saberão o teu nome. E há lugares que nunca terão a sorte de nos ver juntos. E aquela série que deixei a meio para um dia te recomendar, já me não me apetece terminar de ver, porque o final deve ser triste e triste já eu estou. E a minha caixa de mensagens, cheia de mensagens nossas, acabará perdida no fundo de todos os contactos. E sei que quando a saudade me apertar, voltarei lá para te sentir mais perto de mim. E o teu número não gravado no telefone… acredita, nunca lhe daria uso, para não te incomodar, ficaria apenas ali como lembrança de que um dia estiveste aqui. E, tu não sabes, mas a minha almofada tem o teu perfume, aquele que nunca senti e, talvez por isso, todos os meus sonhos acordados, cheirem a ti.

Não sei se o tempo foi errado ou nós não soubemos ser certos, mas sei que o meu melhor não foi suficientemente bom para ti. E quis tanto que tivesse sido... E demorei tanto para saber quem eras tu... Mestre das fugas e dos subterfúgios para que não te visse. Mas eu vi. Vi-te por dentro, de todas as vezes, em cada palavra, em cada muro que ergueste... Vi-te com o coração, porque com os olhos toda a gente vê.
E sabes, talvez isto tenha sido apenas um ensaio... Ou talvez não, mas sei que havemos de nos encontrar... Nem que seja nas memórias um do outro. Nem que seja para nos despedirmos num abraço e nos olharmos uma última (primeira) vez.

 


segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

DEVANEIOS DE UM MENTE INQUIETA...

 


ELE TOCARA-LHE NA ALMA SEM NUNCA LHE TER ENCOSTADO UM DEDO...

ELA SENTIA A FALTA DELE.

VIVIAM NUM LIMBO ENTRE SEREM TUDO E NADA.

DIVIDIAM-SE ENTRE O PARTIR E O FICAR...

E TODOS OS DIAS ROÇAVAM A DESPEDIDA.

E TODOS OS DIAS PARECIAM ETERNOS...

ATÉ AO DIA EM QUE A VIDA  SE ENCARREGAR DE OS COLOCAR NOS SEUS DEVIDOS LUGARES.


segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

Deixei-te ir...


E desde que fui soltando a mão, os pensamentos foram ficando mais leves e espaçados. O tempo deixou de ser só teu e para ti e já quase nada te envolvia. Deixei de me perguntar por ti. Sabia onde estavas e, pela primeira vez, em muito tempo, não quis estar lá contigo. Já não me perguntava se tinhas saudades e, mesmo que (não) tivesses, não me faria a menor diferença. 
Porque eu... 
Eu tive, tantas, tantas vezes, e tive que educar o pensamento a esquecer -se de ti, para que o coração o pudesse fazer naturalmente. E o tempo fez-se distante, ao mesmo tempo que os dias fluíam ligeiros por já nada esperar de ti. 
E troquei o pensar -te na almofada à noite, pela paz de já nada querer.
E, foi tão bonito quanto honesto. 
Foi tão intenso quanto frustrante. 
Foi tão ardente quanto gelado. 
E, fui tão feliz e tão triste. 
Mas vivi. 
E sobretudo senti. 
E... Que estejas sempre bem. 


sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

Imprevistos... ou não.


 O que torna as coisas mais bonitas quando gostamos de alguém é a imprevisibilidade dos factos. O inesperado. O não escolher de quem se gosta e se sequer se vai gostar. E, muitas vezes, quando damos por nós, já estamos ali, a fazer planos e listas de compras, onde o outro está sempre incluído. Não raras vezes somos assolados pelo sentimento como uma avalancha que nos tira o fôlego e, percebemos ali que estamos, irremediavelmente ,fodidos. Outras vezes, é um sentimento que entra devagar, sem pedir licença e que deixamos a marinar até que as mãos suem na presença e o peito acelere nas ausências. E vamos encontrando formas de o negar, seja em palavras ou em acções, ao mesmo tempo que fazemos dele primeiro pensamento da manhã e o último do dia. E cerramos os olhos para não ver, ao mesmo tempo que carimbamos na memória os momentos, os lugares e aquela pessoa onde queremos voltar em cada piscar. E vamos arrumando todos os cantinhos do coração, da vida e da alma para dar espaço a outro alguém. Sonhamos com a casa de cerca branca, com o cachorro no jardim e com aquela dança na sala à média luz enquanto o vinho repousa na mesa de jantar. Fazemos juntos contas de cabeça e organizamos a próxima viagem, enquanto o filme passa sozinho no ecrã (provavelmente, a rir-se de tamanha ingenuidade), e prometemos um ao outro que só faz sentido enquanto sentirmos.

Depois, vem a vida com um choque de realidade: 
"filha, fecha o livro e vai trabalhar!"