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sexta-feira, 29 de abril de 2022

Passado que teima em ser presente...


 

Houve um tempo em que te escrevia coisas bonitas, mas não sei se alguma vez me chegaste a ler. 
Escrevia para me libertar, para me fazer ouvir ou simplesmente por não ter com quem falar sobre isso. 
Escrevia-te coisas bonitas, tantas vezes, que passei a acreditar nelas também. Era assim que te via, tal e qual como te escrevia... 
Pleno de tudo e com tudo aquilo que eu achava que precisava. 
E romantizei tudo o que nós éramos, sem perceber o que éramos realmente. Talvez, dois emocionados, com o coração a transbordar de sentimento, mas com a cabeça formatada para não fazer acontecer, com tudo o que isso inclui, nunca nos soubemos ajustar à medida do outro. 
A tua chegada à minha vida deixou tudo do avesso e a tua presença era forte, mas nunca me senti segura. 
Não sabia como lidar com isso. 
Demasiadas mentiras e omissões. 
Demasiados jogos mentais. 
Tudo era demasiado. 
E faltou um pedido de desculpas, que teria sido determinante para todo o desenrolar da história. 
Nunca houve. 
Quando chegou era tarde demais.
E procuraste-me, tantas vezes que lhe perdi a conta e jurava a mim mesma que acabaria por te perder o rasto... 
Mas arranjas sempre uma forma de me encontrar e de te fazer presente.
No entanto, tu és a personificação de como o sentimento só não chega... 
De como temos que nos fazer prioridade em detrimento do outro. 
Tu és a história, cheia de coisas bonitas também, que eu guardo, para me lembrar de tudo aquilo que não quero repetir. 
E sei que fui intransigente e implacável contigo. 
Não fui capaz de te dar uma segunda oportunidade, mas não me arrependo. 
Com os (d)anos há coisas que só nos permitimos passar uma vez e é um facto de que toda a gente erra, mas a diferença está na intenção e no que fazes a seguir com isso. 
Sempre que penso em ti, sei que tomei a decisão certa.