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quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Só hoje...




             Para hoje só queria embrulhar-me num abraço e ficar ali quieta. 

Sem ruídos. 
Em silêncio. 
Num momento onde as palavras não fossem precisas. 
Envolver-me no aconchego de um afecto e dormir.
Parar a máquina cerebral. 
Deixar de a ouvir. 
Desligá-la se possível fosse. 
Há dias assim... em que tudo o que nos dizem soa a discurso fácil. 
Em que todas as palavras não entram. 
Pura e simplesmente não entram. 
Há dias em que não queremos palavras. 
Queremos só o silêncio. 
Só a segurança de um abraço. 
Queremos só ouvir o bater do coração. 
Queremos deixar de dar de comer aos medos. 
Há dias assim, em que só queremos estar onde não estamos...

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

O telefone deu sinal de mensagem...


 Eras tu, com um convite para jantar. Tantas e tantas vezes que não passamos dos planos, que nem imaginei que se pudesse concretizar. Fiquei contente. Não pelo jantar em si, mas pela possibilidade de te ter por perto, sem distracções, sem a correria do dia-a-dia... Fiquei entusiasmada com a ideia de te ver chegar vestido com um sorriso e um "Olá" rasgado... Mas recusei!! Por todas as vezes em que as conversas ficaram pendentes. Recusei por todas as vezes em que não te coube na vida. Recusei por todas as vezes em que me senti magoada. Sim, houve momentos em que me magoaste e nunca tiveste noção disso... E se tiveste, preferiste ignorar. Recusei por todas as vezes em que gostei mais de ti do que de mim.
Não sei qual foi a tua motivação para este súbito interesse em ver-me. Não fiz questão de perguntar, e em boa verdade, não quero saber... O que eu queria de ti, não eram convites para jantar ou qualquer outra coisa esporádica que te preenchesse a vaga na "agenda"... Bastava que estivesses nas pequenas coisas, nos detalhes, naquilo que o dinheiro não compra... Bastava que me tivesses tratado como eu a ti... E era tão somente isso!

sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Chove...


... e eu não sei se me abrigue, se me deixo molhar!
É sempre o problema que trago comigo, esta dúvida desconcertante e permanente entre a emoção e a razão... se a cabeça não pensa o corpo padece; mas e, quando a cabeça pensa demais??
Procuro respostas constantes para coisas que provavelmente nunca irão acontecer... perco-me em antecipações de cenários que me toldam o coração... penso por mim, pelos outros e pelos que hão-de vir...
E cansa! E enquanto penso,a vida passa lá fora, as pessoas entram e saem da minha vida ao mesmo ritmo.
Estou demasiado ocupada a conjecturar futuros incertos, a tentar adivinhar o que vai dentro dos outros, enquanto eu nego o que me vai na alma...
E quando afasto as pessoas de mim e elas seguem o seu rumo,pesa em mim a angústia do que podia ter sido e o que podia ter feito... e de novo, em contra mão,me afogo nos meus pensamentos...
Saio à rua, vestida de bom humor e respostas prontas para tudo... menos para o que mais anseio... e ninguém imagina a confusão que vive no meu íntimo...