Para hoje só queria embrulhar-me num abraço e ficar ali quieta.
Parar a máquina cerebral.
Para hoje só queria embrulhar-me num abraço e ficar ali quieta.
Eras tu, com um convite para jantar. Tantas e tantas vezes que não passamos dos planos, que nem imaginei que
se pudesse concretizar. Fiquei contente. Não pelo jantar em si, mas pela
possibilidade de te ter por perto, sem distracções, sem a correria do
dia-a-dia... Fiquei entusiasmada com a ideia de te ver chegar vestido
com um sorriso e um "Olá" rasgado... Mas recusei!! Por todas as vezes em
que as conversas ficaram pendentes. Recusei por todas as vezes em que
não te coube na vida. Recusei por todas as vezes em que me senti
magoada. Sim, houve momentos em que me magoaste e nunca tiveste noção
disso... E se tiveste, preferiste ignorar. Recusei por todas as vezes em
que gostei mais de ti do que de mim.
Não sei qual foi a tua
motivação para este súbito interesse em ver-me. Não fiz questão de
perguntar, e em boa verdade, não quero saber... O que eu queria de ti,
não eram convites para jantar ou qualquer outra coisa esporádica que te
preenchesse a vaga na "agenda"... Bastava que estivesses nas pequenas
coisas, nos detalhes, naquilo que o dinheiro não compra... Bastava que
me tivesses tratado como eu a ti... E era tão somente isso!
... e eu não sei se me abrigue, se me deixo molhar!
É
sempre o problema que trago comigo, esta dúvida desconcertante e
permanente entre a emoção e a razão... se a cabeça não pensa o corpo
padece; mas e, quando a cabeça pensa demais??
Procuro respostas
constantes para coisas que provavelmente nunca irão acontecer...
perco-me em antecipações de cenários que me toldam o coração... penso
por mim, pelos outros e pelos que hão-de vir...
E cansa! E enquanto penso,a vida passa lá fora, as pessoas entram e saem da minha vida ao mesmo ritmo.
Estou
demasiado ocupada a conjecturar futuros incertos, a tentar adivinhar o
que vai dentro dos outros, enquanto eu nego o que me vai na alma...
E
quando afasto as pessoas de mim e elas seguem o seu rumo,pesa em mim a
angústia do que podia ter sido e o que podia ter feito... e de novo, em
contra mão,me afogo nos meus pensamentos...
Saio à rua, vestida de
bom humor e respostas prontas para tudo... menos para o que mais
anseio... e ninguém imagina a confusão que vive no meu íntimo...