Página

quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Sei que preciso deixar-te ir...



Sei que, às vezes, o que pensamos ser para nós, nem sempre o é.
Não sei o que fazer com os abraços que ficaram por te dar e com os beijos que nunca te darei.
 Não sei como me conformar com a tua ausência, mas sei que preciso dela para seguir em frente.
Continuo a olhar para o telefone à espera daquela chamada que não vai chegar, continuo à espera de te olhar no fundo desses olhos e ver neles o que agora ainda não consigo.
Sei que preciso deixar-te ir.
Por ti e por mim.
Sei que não faremos nada juntos e as palavras que dissemos, assim como os sonhos que sonhamos, se esfumaram no ar.
Mas tenho saudades...
 Tantas saudades...
Desse conforto bonito de saber que ao final do dia estás aí.
Saudades de ouvir a tua voz e de nela encontrar o alento que, por vezes, me foi faltando.
Tenho saudades do que projectei contigo e não farei.
Saudades dos encontros que não tivemos e das coisas que não chegaram a acontecer.
E assalta-me o pensamento a ideia de que talvez tenhamos desistido demasiado depressa...
De que, talvez, estejamos apenas em negação por ser bom demais...
Porque o medo nos consome e nos tira a vontade de experienciar o que poderia ser tão bonito
Não sei o que fazer ao sentimento e onde guarda-lo para que me doa menos.


segunda-feira, 9 de outubro de 2023

Para a próxima pessoa que eu me apaixonar:


 

Não me digas onde moras ou o que fazes para viver. 
Não me fales do teu signo ou qual é o futebol que gostas de ver. 
Liga-me às três da tarde, no meio de um dia corrido, para dizer que não aguentas as saudades, em vez das duas da manhã quando não tens nada para fazer. 
Diz-me que estás à porta do meu trabalho para me levar a beber um copo. 
Diz-me o que gostas de comer e eu faço-te o jantar. 
Não me dês frases feitas de quem pouco faz. 
Diz-me que fui a escolhida e não a opção. 
Se um dia eu te falar das minhas dores, tem paciência e não digas que faço tempestades em copos de água. 
Traz-me conforto na segurança do silêncio, porque as palavras são gastas, e abraça-me como se me fosses perder. 
Não me leves a jantar, nem me compres flores ou chocolates, prepara a manta e leva-me a contar as estrelas. 
Diz-me o que vês em cada uma delas e eu prometo guardar tudo com cuidado dentro de mim. 
Leva-me a ver as luzes da cidade enquanto os nossos olhares se cruzam em silêncio e sentimos o quão bom é estar ali. 
Diz-me que estou bonita e não quererias mais ninguém. 
Mais do que isso, faz-me sentir única. 
Não esperes que seja sempre eu a procurar-te e faz sempre o que tiveres vontade. 
Não te deites zangado comigo e diz-me que sou a tua paz. 
Abre uma garrafa de vinho e espera por mim ao final do dia, porque é para ti que vou querer voltar. 
Conta-me como é parvo o colega que trabalha contigo e eu paro o livro que estou a ler para te ouvir. 
Diz-me que te irrita a música que eu ouço enquanto me puxas para dançar no tapete da sala. 
Não me mantenhas por ego ou por vaidade. 
Não faças de mim prateleira de opções. 
Senta comigo e damos um jeito. 
Seja para ir ou ficar. 
Mas se um dia pensares em mentir -me... vai-te embora. 
Não voltes. 
Para que eu faça o luto de uma morte não anunciada.