Fizeste
tantas promessas de amor eterno, prometeste tantas vezes que não a abandonarias
nos momentos de tristeza, prometeste-lhe o mundo e abandonaste-a no exacto
momento em que a fragilidade era a palavra que melhor a definia. Estava frágil
e já tinha derramado toda a possibilidade de lágrimas que o seu corpo era capaz
de produzir. Abandonaste-a e obrigaste-a a chorar sem lágrimas e chorar sem
lágrimas é a dor de quem perde tudo e não tem caminhos que lhe permitam seguir
em frente.
Mas tu
seguiste em frente, encontraste outras pessoas pelo teu caminho, fizeste outras
tantas promessas de amor, delineaste, para ti, uma imensidão de objectivos e
ainda vives como se não houvesse amanhã. Mas falta-te amor. O amor que ela te
dava, apesar e acima de tudo. Ela não te abandonou nos momentos em que
precisaste do ombro dela para chorar, ou da mão dela para te limpar as
lágrimas. Ela não te abandonou.
Mas tu
acreditas que tiveste sorte e esqueceste que sorte era puderes tê-la na tua
vida. Porque, quando ela percebeu que não havia um caminho que lhe permitisse
seguir em frente, atirou-se pela floresta. Se teve medo do escuro? Teve, claro.
Se tropeçou nas pedras que não conseguia distinguir por falta de luz? Tropeçou,
claro. Mas foi delineando um caminho de possibilidades. Alisou as terras,
arrumou as pedras para o lado e caminhou. Em direcção a onde? Ao infinito. Não
tenhas dúvidas de que o destino dela é o infinito. O destino dela é o mundo que
lhe prometeste.
Assim que
foste embora, ela viu o que não a deixavas ver, descobriu o que não a deixavas
descobrir. Porque ela era cega por ti. Era, porque no caminho compreendeu que
não precisa de caras metades. Tem-se a ela e é suficiente.
Não, ela não
morreu pela falta do teu amor. Ela viveu. Não, ela não é infeliz. Hoje, ela é
feliz e a culpa é toda tua.