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segunda-feira, 3 de novembro de 2025

Um dia vou apaixonar-me por ti...


 

Mesmo que ainda não saiba quem és.
E quando isso acontecer, quero que me puxes para dançar na cozinha, entre o cheiro do alho a refogar e a água a ferver no tacho, como se a vida inteira coubesse num rodopio ao som de uma música qualquer. 
Quero que me acordes às três da manhã porque a chuva lá fora insiste em chamar-nos, ou porque a lua está tão brilhante que seria crime não a partilhar debaixo de uma manta na varanda.
Quero que me ligues radiante porque o teu clube acabou de marcar e que eu sinta na tua voz o mesmo entusiasmo com que me olhas. 
Quero que me contes os teus medos, até os mais tolos e escondidos, e que me deixes segurá-los como quem protege uma vela acesa num dia de vento.
Quero que te enrosques no meu colo nos domingos preguiçosos, trocando o travesseiro pelo meu peito e que o compasso do meu coração seja o teu embalo. 
Que rias das minhas manias, que roubes batatas fritas do meu prato como se fosse um ritual nosso, que escondas bilhetes nos bolsos do meu casaco só para me surpreender quando o mundo pesar.
Quero que me olhes nos silêncios, que me guardes nos gestos pequenos e que fiques ali, só a contemplar-me, como quem olha para um segredo demasiado bonito para ser dito em voz alta.
E Acima de tudo, quero que cada instante contigo... seja um abraço, um gole partilhado, um riso fora de hora, seja imenso o suficiente para durar para sempre


quinta-feira, 23 de outubro de 2025

Aprendi...


 ... a ferros e silêncios, que não se pode esperar dos outros o mesmo que se dá. 
Não é maldade, é diferença. 
As pessoas não sentem igual, não medem igual, não amam igual. 
E eu, que sempre achei que dar era uma espécie de bilhete de volta, percebi que às vezes é só um bilhete de ida.
Já me zanguei comigo por isso. 
Por dar demais, por insistir em ver bondade onde só havia distração. 
Mas depois perdoei-me. 
Porque há quem nasça com o dom de dar, e não há muito a fazer, tirando o remendo do orgulho e o jeito de quem continua mesmo depois de saber.
Continuo a dar.
Mas já não espero.
Aprendi o truque, dar por gosto, não por retorno.
E se um dia parar, não é vingança.
É pausa.
Para que aprendam, ou para que sintam, por um instante, o vazio que fica quando quem dá se cansa.

quinta-feira, 9 de outubro de 2025

Há dias...


 

... em que tudo parece ruir, como se o chão que pisamos deixasse de ser firme.
É nesse momento que o coração se enche de dúvidas, que a força se esconde e a vida parece demasiado pesada para ser carregada.
Mas a verdade é que, mesmo no meio do caos, existe um fio de esperança que insiste em não se partir.
A luta do dia a dia não é sinal de fraqueza, é sinal de coragem.
É a prova de que, apesar das quedas, ainda há em ti uma chama que não se deixa apagar.
Porque resistir quando tudo é fácil não tem mérito.
O verdadeiro poder está em continuar quando tudo à volta grita para desistir.
Lembra-te: cada tempestade, por mais feroz que seja, acaba sempre por dar lugar ao sol.
Nada é eterno, nem a dor que agora carregas.
Vai haver um tempo em que olharás para trás e perceberás que até os dias escuros tiveram o seu propósito: ensinaram-te a ser mais forte, mais sensível, mais humana.
O caminho pode estar duro, mas tu não estás sozinha nele.
E, mesmo que hoje te sintas a desmoronar, amanhã será sempre uma nova oportunidade para recomeçar.
E que todos os dias sejam amanhãs.

segunda-feira, 25 de agosto de 2025

Podia dizer-te que te amava.


 

Pois podia. 
E essa é a resposta que tu julgas mais acertada. 
A certeza que todo o mundo julga ter. 
Só que não é essa a minha verdade. 
A verdade é que te amo e não te amo.
Agora ficaste confuso, não foi?
Também eu. 
Todos os dias fico confusa quando penso em ti. 
É verdade que tenho um sentimento especial por ti. 
Um sentimento que carrego no coração, sem que ele me pese. 
Pelo contrário, dá-me tanta leveza que quando penso em ti só me apetece voar. 
Só que ainda não descobri que nome dar a este sentimento.
Não é amor o que sinto. 
Não existe aquela química da paixão. 
Não despertas em mim o desejo carnal, não há aquele desejo de que sejas só meu. 
Não me arrepias a pele quando me tocas. 
Percebes? 
Eu amo-te e não te amo. 
Preciso de encontrar a palavra certa para definir o que sinto.
Gosto que me olhes com esse olhar maroto, que eu adoro. 
Gosto quando te sentes feliz e me beijas o sorriso. 
Quando agarras a minha mão e a beijas com gratidão. 
Quando me abraças e me sinto protegida. 
É que nesses momentos perco a minha razão. 
Procuro por uma explicação e ela não aparece.
Amo-te e não te amo. 
Parece confuso, mas é a realidade.
Há uma vibração que vem de ti e que me alimenta o coração. 
Sem que seja paixão. 
Transformaste o meu mundo. 
Pisaste o meu chão. 
Mostraste-me o outro lado da vida. 
Cultivaste no meu jardim a tentação. 
Eu recebi-te de braços abertos. 
Encostei-me no teu peito. 
Um abraço que me deu conforto. 
Um abraço que me fez criar asas. 
Um beijo que me deu esperança. 
Um olhar que me deu coragem.
Talvez seja isso, o que nos une é a gratidão.
Eu sei que tu estás sempre aí para me dares a mão. 
Eu estou sempre aqui para de confortar com o meu abraço. 
És o meu anjo da guarda. 
Um anjo maroto que por vezes me empurra para a tentação. 
Aquele malandro carinhoso que me mostra o caminho da perdição.
Sabes, eu amo-te.
Amo-te como só os amigos sabem amar. 
É assim que eu te amo. 
E este amor nunca irá acabar. 
O teu lugar no meu coração é eterno. 
Ninguém o conseguirá roubar. 
Por mais amores que passem pelas nossas vidas. 
Tu serás sempre meu e eu serei eternamente tua.
É assim que eu te amo...


quarta-feira, 13 de agosto de 2025

Sonhos e afins...


 Quando se viram pela primeira vez, corria um rio à frente deles. 
Entre o entusiasmo e a excitação, as mãos dela tremiam e o coração acelerava em cada batida. 
Ele cheirava a conforto e o seu sorriso era a personificação de paz. 
Ela nem conseguia olhar para ele. 
Queria tanto estar ali que nem sabia como agir. 
Ouviram juntos aquela água correr e o silêncio que os envolvia. 
Eram só eles ali. 
E ela desejou baixinho que fosse sempre assim... 
Só eles.
Olharam-se nos olhos, abraçaram-se e riram... 
Um do outro, um com o outro.
Voltaram àquele rio uma outra vez... 
Já sem o nervoso da primeira vez, mas com o mesmo entusiasmo. 
Ela gostava de o olhar discretamente. 
Gostava da forma como ria e de como tudo parecia fácil. 
Gostava de o admirar em silêncio ao mesmo tempo que o provocava. 
Ele tinha um ar de malandro quase poético que, de tão provocatório o tornava particularmente encantador. 
Tinham uma conexão mental inexplicável e uma leveza no trato que os fazia serem miúdos de novo. 
E de cada vez que se tocavam, havia uma química visceral difícil de controlar. Sabiam que se queriam.
O rio continua lá,a água continua a correr...
Ela agora senta sozinha na margem do rio... 
Com saudades dele. 


sexta-feira, 18 de julho de 2025

Tu...


 

E se eu pudesse escolher alguém para voar comigo, serias tu. 
Serias sempre tu.
Serias a escolha perfeita para os dias coloridos e serias o par ideal para as noites mais longas. 
Serias o pôr do sol de domingo a abraçar as loucuras de sábado à noite. 
Serias o regaço em dias de trovoada e serias a luz em noites calmas.
Não te sei traduzir o quanto me és, e nem quero... 
Não precisas de rótulos que te definam, pois és, a forma mais bonita de se querer alguém. 
És bússola no meu caminho ao mesmo tempo que sentir-te me ferve nas veias. És razão e paciência, és tolerância e compreensão, és gente que cuida da gente, sem saber que está a cuidar. 
E é isso que torna diferente. 
Esse cuidado, essa leveza de quem é naturalmente do bem, essa espontaneidade que te é intrínseca e que fazes porque sim. 
És a personificação de gente que já não se faz ou então sou eu que tenho a sorte de te conhecer assim.
És-me tanto que nem sabes o quanto... 
E, queira a vida, que te possa guardar sempre assim.

quarta-feira, 9 de julho de 2025

Coisas da vida


 

Para ela, ele era o tipo mais errado do mundo! 
Mas ela gostava dele! 
Era como se houvesse uma qualquer força dinâmica que os aproximava...
Havia qualquer coisa nele que a desconcertava... ainda não descobrira exatamente o quê, mas sabia que o seu coração batia mais depressa quando ele aparecia...
Para ele, havia tempo, havia calma e toda uma vida pela frente para viver o que aparecera no caminho... já ela, queria viver tudo depressa, queria apagar o mundo e ficar ali a pensar nele...
Para ela, ele era demasiado perfeito... já ele, mostrava-lhe o contrário...
Ela não entendia o que ele via nela! 
Não porque ela não se valorizasse, mas porque ele era tão errado, que talvez isso fizesse com que tudo batesse tão certo...
Gostavam um do outro... era notório, estava à vista de todos... mas não podiam estar juntos...