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quinta-feira, 2 de setembro de 2021

" Casas comigo, um dia?"


 

 
Tu não sabes, mas eu sonhei com isso. Eu, que nunca o quis, construí devagarinho esse desejo secreto. Mais do que o compromisso, eu queria a certeza de te ter todos os dias nos meus dias. Eu queria a presença e queria que as horas se tornassem eternas e os dias infinitos. Tu não sabes, mas eu desenhei todos os pedacinhos de vida na vida um do outro. Pintei de todas as cores o futuro, porque achei que seria contigo. Tu não sabes, mas depois de ti, ninguém me fez sorrir como tu. Depois de ti, ninguém me fez ser louca como era contigo. Acabaram as noitadas só para te ver quando acabasses o turno, acabaram as viagens até à tua aldeia só para dar um beijinho à avó. Acabaram os passeios fora de horas. Acabaram os sonhos.
Tu não sabes, mas até à primeira mentira, e como diz a canção "era só contigo que eu queria andar, para todo o lado e até quem sabe..."! Tu não sabes, mas as noites ficaram difíceis, as saudades mataram-me e o receio de que o voltasses a fazer foi maior do que tudo. Por isso fui embora.
E a barreira que criei entre nós foi tão grande quanto o sentimento, porque o meu amor por ti não podia ser maior do que aquele que tenho por mim.
E, volvidos tantos anos, entre idas e vindas, entre lágrimas e sorrisos, há um coração apertado, há uma sensação de "quase" que não me sai da pele.
Mas, no final das contas, ouvir-te dizer que cuidei bem de ti e te sentias seguro, faz-me saber que não falhei contigo. Faz-me saber que fui para ti o que devias ter sido comigo.

P.S.: Para ti... que soube agora que me lês em silêncio...

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