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segunda-feira, 24 de julho de 2023

Há um mar...



... adentro em mim cujas ondas deixaram de se encrespar. 
Onde molhar os pés assusta mais agora do que surfar em mar revolto. 
Há um mar em mim que pede maré baixa. 
Calmaria. 
Há em mim, agora, uma necessidade constante de silêncio.
É difícil sair de lugares escuros para onde voltamos fruto de situações que pensamos estarem resolvidas dentro de nós. 
É difícil não pensar nos porquês e por mais voltas que demos, também é preciso acolher todas as coisas que sentimos, independentemente, de serem boas ou más. 
Chorar, gritar, voltar a chorar. 
Pensar para entender. 
Ressignificar para tentar fazer com que deixe de doer. 
Saber que há gatilhos que nos vão fazer despertar para essas situações e saber como poder controlar isso. 
O princípio fundamental é não assumir uma culpa que não é nossa. 
Há coisas que simplesmente acontecem e não podes fugir delas. 
E cansa ter o peito nu constantemente aberto às balas. 
E há dias que são pura dor. 
Que são difíceis de viver. 
E também estes são necessários. 
Só quando os conseguimos entender e assumimos tudo aquilo que sentimos se torna menos difícil levar o barco para a frente. 
Somos fruto do que fizeram connosco e a diferença é o como lidamos com isso. Como fazemos para que doa menos. 
Como aceitamos tudo aquilo que não dependia de nós. 
Como limpamos as coisas que nos fazem mal. 
E é aí que fica um vazio. 
É neste momento que começa a transformação. 
Na capacidade de o sustentarmos durante determinado tempo até que percebamos para onde queremos ir ou como o vamos preencher. 
É neste vazio que percebemos que há pessoas que já não nos servem mais, que os círculos ficam mais curtos e menos interessantes, que tudo aquilo que outrora nos coube já não faz mais sentido. 
É nesta luta entre tudo aquilo que sentimos e o que já sabemos que tomamos decisões. 
Ou voltamos aos velhos hábitos e repetimos em loop todos os padrões de que tentamos fugir ou seguramos a barra e só ficamos com o que acrescenta. 
É aqui que o medo toma conta. 
De fazer novo. 
De deixar entrar algo novo. 
O novo assusta. 
Sempre. 
Mas também é aqui que podes (re) começar a viver. 
Assusta olhar para dentro. 
Dói. 
Consome. 
É  aqui que te sentes sozinha, porque ninguém vai parar para te entender ou para te ouvir. 
É aqui que sabes que dependes, exclusivamente, de ti. 
É aqui que sabes que poucos te veem. 
Mas sem isso, seremos sempre iguais a ontem. 
E eu... 
Eu quero ser melhor amanhã.


terça-feira, 11 de julho de 2023

Constatações...


 

As pessoas chegam à nossa vida num tempo específico, que pode ser breve ou por uma vida inteira.
E cada uma delas encaixa -se num lugar diferente dentro de nós.
E, aquilo que nos causa dor é quando as colocamos nas categorias erradas.
Há lugares que não são para todos.
Não devemos nunca subestimar as coisas que sentimos.
A mesma pessoa que nos faz ser forte, pode ser a mesma que nos traz vulnerabilidade.
E a mesma que nos dá a mão, pode ser a mesma que nos empurra.
Por isso é tão importante não ignorar os sinais que o Universo envia para proteger a nossa alma.
Os das atitudes.
Porque as palavras voam com o vento e perdem-se no meio das parvoíces que se dizem sem pensar.
Percebi com o tempo que as acções dos outros reflectem tal e qual aquilo que se passa dentro deles e que o problema não se prende comigo.
Embora, muitas vezes, ainda lute com isso.
Percebi que, nem sempre vais colher aquilo que emanas, que nem sempre os outros sabem dar.
E sim, é sobre isso.
Sobre reciprocidade.
Não acredito na lenga lenga do "dar sem esperar nada em troca" no que diz às respeito às relações humanas.
Se dás, deves receber.
As relações sejam elas de que espécie forem, não podem ser unilaterais, caso contrário, serão apenas desgaste com punhos em pontas de faca...
A vida é uma caixa de surpresas e não devemos dar nada por garantido.
Ninguém para para amenizar as tuas dores.
Ninguém espera que te cures ou te salves nesta selva que é a vida.
Ninguém se vai questionar de onde vens ou o que tiveste que fazer para estares onde estás. Ninguém.
Ninguém te vai ver.
Vão apenas olhar-te. 
Nessa volatilidade fica quem tiver de ficar e sai quem tiver de sair.
Mas nesse hiato de tempo, sentir tudo o que houver para sentir.
Medo.
Angústia.
Dor.
Amor.
 Mas sentir…
Porque no dia em que não puder sentir, já estarei morta com vida.
Já não serei eu.