Gosto da forma como ele me contraria.
Gosto e ele não sabe que eu gosto.
E eu contrario-o e ele surpreende-me.
Às vezes tenho medo, mas ele não sabe.
Habituei-me a ser selvagem.
Os selvagens não têm medo, pois não?
Sabem defender-se.
E eu defendo-me atacando.
Assim ninguém sabe que tenho medo e fogem antes de
perceberem.
Eu não quero que ele fuja.
E não quero que ele me deixe fugir.
Talvez eu queira que ele saiba que tenho medo.
Às vezes não lhe digo o que sinto para não me sentir nua.
Não estou habituada a sentir-me nua por dentro… fico com
frio na alma.
Será que também isso é medo?
E tento esconder-me sorrateiramente atrás da minha muralha,
mas ele sabe onde me escondo… e mima-me sem reservas… e contraria-me mais uma
vez deitando-se sobre o muro que construi em mim e retirando pedra por pedra…
pacientemente… apaixonadamente… é assim que ele me trata… contrariando a única
forma de vida que conheço… o meu modo de sobrevivência…
Às vezes eu tenho medo, mas ele não sabe.
Talvez eu queira que ele saiba.
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