De início, descobres a parte boa de
não ter que dividir o mesmo tecto com alguém. Andar nua pela casa, deixar a
cama por fazer e acordares à hora que quiseres. Descobres como é bom não ter
ninguém te advertindo só porque deixaste a toalha molhada em cima da cama, ou
porque só comes fast-food ou chegaste tarde a casa.
Depois acontece aquele momento em te
perdes dentro do teu próprio apartamento. Quebras a cabeça com as contas da
luz, da água e do condomínio. Aquele momento em que até tentas ter uma
alimentação saudável, mas descobres que comida fresca estraga muito rápido e pensas:
Quem mandou comprar frutas e legumes para uma semana?
Então, voltas ao supermercado
decidida a levar só metade das coisas que tinhas comprado antes. E aí percebes
que lá não têm meia alface nem meio pacote de pão de forma.
O problema é quando chegas em casa e
não tens ninguém para te ouvir contar como foi o teu dia, para dividir a
refeição, a cama e os sonhos.
O silêncio pesa e sentes-te vazia.
Esse vazio pode ser a saudade do
arroz mãe… Pode ser por causa do bife que ficou duro e o teu fogão parece um
campo de batalha, ou as plantas que morreram porque te esqueceste de regá-las…
Porém, um dia descobres que é
possível morar sozinha sem ser solitária. Começas a resolver os teus problemas
e a tua intuição aflora.
Descobres que a solidão é um exílio fundamental
para o teu auto conhecimento. Mas é preciso tomares cuidado para que não te
percas em martírio e auto piedade; neste caso, o teu pior inimigo serás tu
mesma. Tu e a tua inércia.
Tu e a tua teimosia em aprenderes a
morar sozinha.
No fundo não importa se estás a
morar sozinha por uns tempos ou pelo resto da tua vida. Olha para dentro de ti
e faz presente o que te falta, é como compores poesia com o teu próprio
silêncio. Ao prosseguires com a vida que te foi dada, o importante é seres
feliz com o que tens. Basta aprenderes a rir sozinha da tua desarrumação e
surpreenderes-te com tua coragem.
O importante é fazeres da
experiência de morar sozinha a tua melhor arte.
mais vale só que mal acompanhada Queen.
ResponderEliminartens te a ti.
e isso é muito. Pode não ser o suficiente para seres feliz. Mas tem vantagens.
beijito
Já me habituei, de inicio custou-me muito, agora são só vantagens.
Eliminarkiss
Eu também moro só e concordo com o que diz mas também é muito bom ter um amor para partilhar isso da solidão
ResponderEliminarNem é o amor que me faz falta... São outras coisas, mas que já ultrapassei :)
EliminarOh minha querida, eu moro só e não me queixo. Quando me sentir só vou imediatamente ter contigo!
ResponderEliminarBeijo com língua!
Vens mas é para cozinhar... eheheheh
EliminarCombinado?
beijinhos Jorge
"Fazer poesia com o teu próprio silêncio"
ResponderEliminarExcelente.
Parabens!!!
Obrigada moranguito.
EliminarBeijinhos
Só me ocorre acrescentar que ando muitas vezes pelo menos semi-nu lá em casa e não vivo sozinho - coisa que me aconteceu durante vinte anos (viver sozinho) e há dias que tenho tantas saudades... A coisa é de tal forma que tive que aprender a estar só rodeado de gente - não é a mesma coisa, mas foi o que pode arranjar.
ResponderEliminarAndar nu pela casa com companhia é bom, ou não?
EliminarQuem sabe eu um dia ainda vou ter saudades desta minha solidão imposta?... Nunca se sabe...
E conseguiu? ficar só no meio da multidão?
consegui - de algum modo, ao fim de algum tempo, todos me aborrecem, vai daí, não é assim tão difícil estarmos num sítio e não estarmos lá mentalmente - basta por um sorriso parvo e olhar para os outros como se os estivéssemos a ouvir :)
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