Não fui eu que disse, foi uma das minhas professoras de francês, um dia…
enquanto debatíamos sobre um poema.
Eu sei que a frase é polémica, muito haveria a dizer sobre o tema,
(até nem
concordo, porque cada pessoa tem a sua maneira, muito
própria para lidar com o sofrimento)
Mas lembrei-me dela ontem ao fim
do dia, num parque de estacionamento de um centro comercial, enquanto presenciava uma
cena surreal, o que de inicio me parecia ser uma simples birra, tornou-se em algo muito mais sério, uma
criança de mais ou menos 5 anos chorava agarrada ao pescoço do pai, era um
choro tão intenso e desesperado que me comoveu.
Quando passei por eles, reparei que uma senhora estava encostada a um carro
de braços cruzados e insistia com voz autoritária, G……… VAMOS EMBORA, JÁ CHEGA,
DÁ UM BEIJO AO PAI E ENTRA NO CARRO…
A criança desesperada gritava, “Não me deixes papá, quero ir contigo…”
E as
lágrimas escorriam em cascata também pela face do pai…
Aquele homem estava sofrendo,
não havia qualquer duvida.
Entrei no meu carro em estado de choque, como é possível que duas pessoas
que já se amaram, que geraram um filho em conjunto, escolham um parque de
estacionamento, para entregarem o filho ao outro progenitor, como se de uma
mercadoria se tratasse.
No mínimo lastimável…
Olhando para aquele pai que
chorava, lembrei-me do meu…
Nunca
tinha visto o meu pai chorar, nem quando a mãe dele morreu…
Até ao
dia que fui fazer uma visita de estudo de 4 dias à Normandie, tinha na altura
14 anos, na manhã que em me despedi dele, senti a sua face molhada,
olhei-o, e as lágrimas caíam, fiquei preocupada…
O meu pai a chorar? Será que
estava doente?...
-Que tens
pai?
- Nada
princesa, só hoje me apercebi que já não és a minha menina, cresceste, e
acabaste de cortar o cordão umbilical…
Lembro-me
de lhe ter dado um abraço forte, e disse-lhe ao ouvido:
“Serei sempre a tua menina,
prometo”
Nunca
mais o vi chorar… até à véspera da sua morte, quando lhe agarrei nas mãos e lhe
disse:
Sou eu pai, a tua menina, e ele… entre o delírio e a realidade, soltou
as últimas lágrimas…
Depois… secaram para sempre!
Pronto! Agora sou eu que estou práqui a tentar conter a cascata!!!!!
ResponderEliminarTambém me corta o coração ver as crianças no olho do furacão dos casais separados... sofrem tanto, meu Deus...
:) beijinho grande**
ResponderEliminarComovente :\
ResponderEliminarComecei por ler o post a pensar em qualquer coisa parva para comentar, do género macho man...
ResponderEliminar...mas não há nada de mais sincero e verdadeiro do que lágrimas de um Pai.
Um beijo!
Que belo texto que me emocionou....que me correu lágrimas...
ResponderEliminarUm belo texto, uma bela crônica (crónica como dizem vocês!!).... uma lição de vida, que poderia ser publicada numa revista ou num jornal...
Excelente texto Lírio!!!!