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quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Hoje escrevo sobre nós...


 

 ... para que não morramos. Porque tudo se acaba a menos que perdure escrito. Podemos até não voltar a falar, mas voltarei às palavras que te escrevi quando as saudades me apertarem. É a minha forma de te fazer eterno, de te tornar imortal... É a minha âncora nesse barco que eu sei que tem de partir. É o meu grito no teu ouvido a dizer-te que fiques. Não vás. Não vás agora que ainda temos dez mil anos de vida pela frente. Parece-te muito? Sabe-me a pouco se te contar todos os meus sonhos e planos inacabados. E, nesses sonhos, só cabem coisas simples, não te assustes. Sabes que sou de coisas pequenas que se tornam enormes mais pelo impacto que causam do que pela sua grandiosidade em si. Deixa-me ser eu contigo. Ou melhor, deixa-me ser o que de melhor posso ser contigo. Deixa-me ver para além do óbvio e encontrar-te no fundo dos teus olhos. Escrevi-te todos os dias os meus desejos secretos na esperança que um dia a lei da atracção funcione e me traga, nem que seja em parcelas, as coisas pequeninas que peço ao Universo. E depois guardei esses pedacinhos de papel como se fossem tesouros. E são, não são?
Guardei tudo numa caixa que só abro à noite quando me foge o sono. Guardei-te para que eu possa lá voltar sempre que te sentir a falta, sempre que o teu cheiro me falhar, guardei-te nas palavras que te escrevi a brincar e nas que disfarcei quando tentei escrever a sério. Guardei-te em cada bocadinho para me certificar de que foi tudo verdade... E na esperança de que o sono volte e tu finalmente venhas amanhã. 

Vens?

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