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sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

Imprevistos... ou não.


 O que torna as coisas mais bonitas quando gostamos de alguém é a imprevisibilidade dos factos. O inesperado. O não escolher de quem se gosta e se sequer se vai gostar. E, muitas vezes, quando damos por nós, já estamos ali, a fazer planos e listas de compras, onde o outro está sempre incluído. Não raras vezes somos assolados pelo sentimento como uma avalancha que nos tira o fôlego e, percebemos ali que estamos, irremediavelmente ,fodidos. Outras vezes, é um sentimento que entra devagar, sem pedir licença e que deixamos a marinar até que as mãos suem na presença e o peito acelere nas ausências. E vamos encontrando formas de o negar, seja em palavras ou em acções, ao mesmo tempo que fazemos dele primeiro pensamento da manhã e o último do dia. E cerramos os olhos para não ver, ao mesmo tempo que carimbamos na memória os momentos, os lugares e aquela pessoa onde queremos voltar em cada piscar. E vamos arrumando todos os cantinhos do coração, da vida e da alma para dar espaço a outro alguém. Sonhamos com a casa de cerca branca, com o cachorro no jardim e com aquela dança na sala à média luz enquanto o vinho repousa na mesa de jantar. Fazemos juntos contas de cabeça e organizamos a próxima viagem, enquanto o filme passa sozinho no ecrã (provavelmente, a rir-se de tamanha ingenuidade), e prometemos um ao outro que só faz sentido enquanto sentirmos.

Depois, vem a vida com um choque de realidade: 
"filha, fecha o livro e vai trabalhar!"

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