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segunda-feira, 29 de março de 2021

Ela não tinha perdido o Amor. Ele é que se tinha perdido dela.

  

Um dia, enquanto passeavam, o Amor distraiu-se com algo, largou-lhe a mão e, quando volveu o olhar, ela tinha desaparecido. Como um louco, deambulou pelas ruas, tentando desesperadamente encontrá-la em cada voz, em cada olhar, em cada boca. Em vão. As palavras que ouvia não eram as dela, o desejo e os sonhos, que lia nos olhos que encontrava, não eram os dela e os lábios que beijava não tinham o sabor dos dela. Ela não estava em lado nenhum. Ela não estava em ninguém.

Ela sabia que ele não encontraria, sozinho, o caminho de volta. Era frágil ainda para grandes façanhas e desnorteava-se com muita facilidade. Precisava que o guiassem, que lhe dessem força e coragem.

Por isso, todos os dias, ela saía de casa, embrenhava-se na multidão e procurava-o. Estava certa de que o encontraria. Bastar-lhe-ia escutar com muita atenção todos os corações. Tinham-lhe contado que os que batem mais forte são os que albergam o Amor. E ela acreditou.

 

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