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segunda-feira, 26 de setembro de 2022

E se...


 

Finge que nos vimos pela última vez... 
Que dissemos as últimas palavras e que também aquele abraço foi o derradeiro. Fecha os olhos e imagina que nunca mais nos veremos, nem nos sentaremos à mesma mesa. 
Finge que a vida acaba aqui e lembra-te dos lugares que visitamos e os tantos que ficaram sem nós. 
Lembra-te das coisas bonitas que temos guardadas e das vezes que pensamos que o tempo não acabaria nunca. 
Imagina o meu contacto no telemóvel sem a presença. 
Imagina as lembranças sem o corpo. 
Pensa nas vezes em que não te perguntarei se estás bem ou nas mensagens que não chegarão para saber de ti.
Pensa nos risos que partilhamos e nas coisas parvas que não se repetirão... 
Nas confissões da madrugada entre copos, nos sonhos pousados em cima dos medos que, tantas vezes, deixamos que levassem a melhor.
Finge que (já) não estou aqui e que a minha voz se cala, e diz -me o que ficou por dizer... 
Conta -me o que faltou fazer. 
Finge que não te vou ouvir e diz-me o que queres dizer como se estivesses sozinho(a) no mundo... 
Finge que nos vemos pela última vez e conta-me tudo como se os dias se fossem tornar eternos e nós imortais. 
E eu... 
Eu finjo que não parti e que amanhã teremos mais uma oportunidade de transformar o último dia.


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