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segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Retrospectiva.





Ele dizia que eu era a única que o entendia. Que ninguém percebia aquela falsa boa disposição, excepto eu. Lia-lhe os olhos. Contaram-se uns anos, um outro lá admitiu o quanto eu era especial, e quando a madrugada lhe era difícil o meu telefone tocava. Mais uns meses e quando eu pensava que só dizia disparates, faz-me um frente a frente e passo a ser uma das melhores pessoas que conheceu. Cansei-me, afastei-me, até que mais um vem com um "desculpa lá" mas és das pessoas que mais prezo.
Parece bonito não parece? 
É sempre bom ser especial para alguém. Até parar e perceber que se hoje o meu amor é perfeccionista, metódico, inflexível, a culpa é deles. Todos eles. Todos os que se acomodaram em ser entendidos e não perceberam que em certa medida só de mim entendiam o que eu queria. Porque nunca ninguém se preocupou em conhecer-me sem que eu o fizesse primeiro, nunca ninguém deu voz ao que eu ainda pensava, nunca ninguém terminou as minhas frases... Isso, nunca ninguém terminou as minhas frases. 
Alguém que me segure, me abane e me faça gritar a preocupação, os exageros, os segredos. Mas ninguém. E é por eu não merecer menos do que esse alguém que o meu amor continua inflexível. Metódico. Perfeccionista.

Sim, eu falo entre linhas. E não mudo até as saberem interpretar.

2 comentários:

  1. Há demasiadas frases feitas para a malta se tentar livrar das borradas que faz e ter uma saída airosa. Eu não me acho um tipo exigente ou rígido no que toca aos afectos e essas cenas do amor,o que quer que isso seja, porque eu 'só' quero a correspondência na mesma medida. (Quase)Impossível eu sei...

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  2. Tento compreendê-la, e acho que consigo.
    Contudo e independentemente de tudo o resto, penso que exige demasiado. Penso até que exige o impossível.
    Não há, nunca houve nem haverá, método nem perfeccionismo no amor.
    Tudo do melhor para si.

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