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quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Hoje escrevo sobre nós...


 

 ... para que não morramos. Porque tudo se acaba a menos que perdure escrito. Podemos até não voltar a falar, mas voltarei às palavras que te escrevi quando as saudades me apertarem. É a minha forma de te fazer eterno, de te tornar imortal... É a minha âncora nesse barco que eu sei que tem de partir. É o meu grito no teu ouvido a dizer-te que fiques. Não vás. Não vás agora que ainda temos dez mil anos de vida pela frente. Parece-te muito? Sabe-me a pouco se te contar todos os meus sonhos e planos inacabados. E, nesses sonhos, só cabem coisas simples, não te assustes. Sabes que sou de coisas pequenas que se tornam enormes mais pelo impacto que causam do que pela sua grandiosidade em si. Deixa-me ser eu contigo. Ou melhor, deixa-me ser o que de melhor posso ser contigo. Deixa-me ver para além do óbvio e encontrar-te no fundo dos teus olhos. Escrevi-te todos os dias os meus desejos secretos na esperança que um dia a lei da atracção funcione e me traga, nem que seja em parcelas, as coisas pequeninas que peço ao Universo. E depois guardei esses pedacinhos de papel como se fossem tesouros. E são, não são?
Guardei tudo numa caixa que só abro à noite quando me foge o sono. Guardei-te para que eu possa lá voltar sempre que te sentir a falta, sempre que o teu cheiro me falhar, guardei-te nas palavras que te escrevi a brincar e nas que disfarcei quando tentei escrever a sério. Guardei-te em cada bocadinho para me certificar de que foi tudo verdade... E na esperança de que o sono volte e tu finalmente venhas amanhã. 

Vens?

segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

Coisas minhas...


 


 

 Sabes, meu bem, não há um dia em que não te queira no meus dias. Mas aprendi a ver-te de longe ao mesmo tempo que te imagino perto. Deixei de te dizer o que o coração não conseguia calar e então afogo-me todos os dias um pouco mais nas coisas que não digo.. Nunca fui assim, de guardar calada e de escolher o silêncio, mas contigo percebi que não há maior protecção do que essa... A de não demonstrar, porque, normalmente, é por aí que nos torcem.
Ainda não sei se isto me faz bem, mas consigo manter os desejos alinhados com os pés na terra, afinal "quem não sabe é como quem não vê", e evito todas aquelas frases feitas que sei que não vou querer ouvir.
Também deixei de te dizer que gosto de ti, porque já o repeti tantas vezes que tenho a certeza de que o sentes em cada pedacinho de pele. Deixei de te procurar, porque também precisei de saber qual era o meu lugar...
Mas, todos os dias, os meus pensamentos vão ao teu encontro, porque sim, porque me levam sempre até ti e, seja lá o que isso for, saber-te bem, traz-me um pouquinho mais de paz e deixa-me o coração quentinho.

quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Move on...


 Há um dia em que decides mudar tudo. Há um dia em que acordas e percebes como as tuas lutas foram inglórias e como nada mais há a fazer. Há um dia em que decides que "não mais!".
Apagas os cheiros, as datas e as conversas. Esqueces os momentos, as idas, as vindas e as promessas. Guardas as canções e continuas a querer bem. Sabes que nada voltará a ser como dantes e não podes continuar a negá-lo.
Voltas aos dias onde foste feliz,uma última vez, para te recordares que só assim vale a pena, quando estás feliz.
Ajeitas o cabelo e o batom, olhas-te no espelho e perguntas onde foi que falhaste... Mas não falhaste! Só que nem sempre o rio corre na tua direcção, nem sempre depende de ti. Em consciência, sabes que fizeste tudo, que estiveste em tudo e até onde te permitiram... E fechas esse ciclo.
Chegou a hora de arrumar as memórias na caixinha das recordações e guardar na arrecadação da alma.
Nas voltas que a vida dá, há voltas que não são para ti, são apenas uma efémera passagem para aquilo que se espera ser mais grandioso.
Não perdeste, muito pelo contrário. Houve vida, houve emoção, houve coração. Houve tudo aquilo que faz as pernas tremer. E acabou. Tudo na vida tem um tempo e um espaço. Viveste, aprendeste e segues em frente

sexta-feira, 22 de outubro de 2021


 Há pessoas que, pura e simplesmente, não te tratam bem. E o não tratar bem inclui todas aquelas coisas que te tiram a paz, que não promovem o teu sorriso. Esperar que alguém te dê os mínimos é o mesmo que pedir para te pisarem. Os mínimos são exactamente isso, os mínimos, o menos que alguém te pode dar e se ainda assim, tens que o pedir, não fiques.
Arranjamos sempre desculpas para justificar as migalhas, mas no íntimo, sabemos que não é justo e está longe de ser bonito. Temos que aprender a parar de romantizar o "poucochinho". Se sabem o teu número, onde e como te encontrar, se és sempre tu que inicias as conversas e o outro apenas se limita a responder, se tudo o que acontece nunca é nos teus termos, se deixas a vida em suspenso à espera de quem não vem, não é para ti. Tens que parar de alimentar unilateralidades e de justificar o que não tem justificação.
Sei bem que há uma linha muito ténue entre a esperança e o desassossego e, quase sempre, a esperança desvanece e dá lugar ao sofrimento. Salta fora antes que essa linha se parta.
Há mil oportunidades lá fora, mil formas de fazer diferente e mil pessoas que dariam tudo para ser precisamente o inverso daquilo a que te sujeitaste. Não te apegues a dúvidas e a ausências. Não queiras as sobras da vida de alguém. Mereces mais e queres mais, por todas as vezes que tentaste, que ficaste, por todas as vezes que deste tudo e mesmo assim não bastou.
Quem te quer faz-te saber e faz-te, principalmente, sentir. Quem realmente te quer, nunca te vai dar os mínimos... Vai cumprir com os máximos e ainda assim, sentir que é pouco.

sexta-feira, 1 de outubro de 2021

Lembra-te de mim...


Nas coisas que ficaram por dizer. Lembra-te de mim nas coisas que não fizemos. Lembra-te de mim quando o meu perfume (que achas que conheces) te passar rente à pele. Lembra-te de mim quando alguém te disser que gosta de ti. Lembra-te de mim quando o teu corpo pedir um abraço. Lembra-te de mim nos lugares onde sonhamos ir. Lembra-te de mim quando a saudade te esmagar. Lembra-te de mim na voz de quem fala contigo. Lembra-te de mim nas noites em que o sono não vem e nos dias que passam devagar. Lembra-te de mim nas mensagens de bom dia e nos textos que te possam escrever. Lembra-te de mim nos dias de glória e não me esqueças nos dias de profunda tristeza. Lembra-te de mim em cada pedacinho da tua pele e nesse bocadinho de coração que guardaste para mim. Lembra-te de mim quando te disserem o quão bonito és e lembra-te de mim em cada sorriso que te provocarem. Lembra-te de mim quando as coisas estiverem difíceis e lembra-te de mim como alguém que pede baixinho, sempre o melhor para ti. Lembra-te de mim todos os dias, em todos os bocadinhos de vida... Porque eu... Vou estar sempre aqui para ti.


quinta-feira, 2 de setembro de 2021

" Casas comigo, um dia?"


 

 
Tu não sabes, mas eu sonhei com isso. Eu, que nunca o quis, construí devagarinho esse desejo secreto. Mais do que o compromisso, eu queria a certeza de te ter todos os dias nos meus dias. Eu queria a presença e queria que as horas se tornassem eternas e os dias infinitos. Tu não sabes, mas eu desenhei todos os pedacinhos de vida na vida um do outro. Pintei de todas as cores o futuro, porque achei que seria contigo. Tu não sabes, mas depois de ti, ninguém me fez sorrir como tu. Depois de ti, ninguém me fez ser louca como era contigo. Acabaram as noitadas só para te ver quando acabasses o turno, acabaram as viagens até à tua aldeia só para dar um beijinho à avó. Acabaram os passeios fora de horas. Acabaram os sonhos.
Tu não sabes, mas até à primeira mentira, e como diz a canção "era só contigo que eu queria andar, para todo o lado e até quem sabe..."! Tu não sabes, mas as noites ficaram difíceis, as saudades mataram-me e o receio de que o voltasses a fazer foi maior do que tudo. Por isso fui embora.
E a barreira que criei entre nós foi tão grande quanto o sentimento, porque o meu amor por ti não podia ser maior do que aquele que tenho por mim.
E, volvidos tantos anos, entre idas e vindas, entre lágrimas e sorrisos, há um coração apertado, há uma sensação de "quase" que não me sai da pele.
Mas, no final das contas, ouvir-te dizer que cuidei bem de ti e te sentias seguro, faz-me saber que não falhei contigo. Faz-me saber que fui para ti o que devias ter sido comigo.

P.S.: Para ti... que soube agora que me lês em silêncio...

terça-feira, 27 de julho de 2021

Coisas minhas


 Gosto de pensar que, por quem vou passando, vou deixando o que existe de melhor em mim. No meio da tempestade que, às vezes sou, tento deixar o lado bonito. Obviamente, nem sempre consigo essa proeza... Porque sou humana, porque nem sempre as pessoas querem o teu melhor, por razões que, tantas vezes, nem sequer dependem de nós. Mas gosto de pensar que as pessoas que cruzam no meu caminho e que cá ficam me têm em estado puro. Que sabem que faço delas prioridade, que sabem que tiro a camisola para lhes dar, que estou presente, ou pelo menos, tento estar. Gosto de deitar a cabeça na almofada a saber que fiz o melhor que podia e sabia. Gosto do conforto que a consciência me traz por saber ter feito a coisa certa.
Sou das que erra e erra muito, mas dá dois passos atrás e pede desculpa. Sou das que prefere não ter razão para estar bem com os outros. Sou das que tenta mil vezes, se preciso for. Sou das que trata como gostaria de ser tratada. Sou das que gosta de cuidar. Sou das que fecha a porta e deixa lá o dedo, para não apertar o dos outros. Sou uma parva, às vezes, eu sei...

terça-feira, 13 de julho de 2021

Sobre ela...


 Nunca ninguém vai saber de tudo! Ensinara-lhe a vida a guardar dentro de si a verdade dos seus dias.
Avessa a vidas e a pessoas perfeitas. Ela é a personificação de regras que foram feitas para serem quebradas e de que a vida é feita de solavancos.
Aprendeu a rir de si e com os outros. Aprendeu a ser para os outros. Mesmo quando não está lá ninguém. E, tantas vezes, lhe faltaram. Ela, sabe de onde vem e para onde quer ir. Eterna sonhadora e desesperada resiliente.
Pinta os lábios que lhe disfarça sorriso, às vezes, parco. Veste-se de cor para se lembrar que nem todos os dias são cinzentos. Apaixonada por pessoas bonitas... Por dentro. Apaixonada por gente de bem e que pratica o bem.
Sobre ela...Ninguém sabe o que lhe vai na alma. Aprendeu a calar, porque de todas as vezes em que pôs o coração cá fora, sugaram-na. Aprendeu a gostar de silêncios e a ser com ela. Fala sozinha tudo aquilo que gostava de poder dizer em alta voz. Não é certo nem errado, é a sua forma de se proteger. Não precisa da aprovação dos outros para viver. Não quer saber. Ela não é os outros... E os outros, não sabem e nunca saberão tudo sobre ela.

quarta-feira, 30 de junho de 2021

Sem titulo...


 

E se eu pudesse escolher alguém para voar comigo, serias tu. Serias sempre tu.
Serias a escolha perfeita para os dias coloridos e serias o par ideal para as noites mais longas. Serias o pôr do sol de domingo a abraçar as loucuras de sábado à noite. Serias o regaço em dias de trovoada e serias a luz em noites calmas.
Não te sei traduzir o quanto me és, e nem quero... Não precisas de rótulos que te definam, pois és, a forma mais bonita de se querer alguém. És bússola no meu caminho ao mesmo tempo que sentir-te me ferve nas veias. És razão e paciência, és tolerância e compreensão, és gente que cuida da gente, sem saber que está a cuidar. E é isso que torna diferente. Esse cuidado, essa leveza de quem é naturalmente do bem, essa espontaneidade que te é intrínseca e que fazes porque sim. És a personificação de gente que já não se faz ou então sou eu que tenho a sorte de te conhecer assim.
És-me tanto que nem sabes o quanto... E, queira a vida, que te possa guardar sempre assim.

terça-feira, 22 de junho de 2021

Pensamentos meus...


 

A tecnologia facilita as relações humanas sem adorná-las. 
O telefone e os computadores podem manter as pessoas em contacto mesmo à distância, mas nenhuma mensagem pode transmitir a emoção de dois olhares se encontrando ou o calor de duas mãos apertando.
A tecnologia ajuda a comunicar, mas comunicar não basta. 
Tens também que viver....

segunda-feira, 14 de junho de 2021

Dias bons, dias meus, para mim, para fazer por mim.



Incrível como quando nos colocamos em primeiro lugar, a vida parece mais leve e mais risonha. Pouca coisa nos perturba, quase nada nos inquieta e nada nem ninguém nos consegue tirar a paz.
Estabeleces um compromisso contigo enquanto te olhas no espelho e prometes a ti mesma que, dali em diante, serás sempre o teu primeiro amor. Juras com o mindinho que a pessoa mais importante da tua vida és tu e nunca, mas nunca mais, vais deixar de te ver assim. Olhas-te nos olhos e ficas incrédula com as coisas que és capaz de fazer e que, outrora, praguejavas nunca ser possível. Das mil desculpas que utilizavas agora nenhuma serve, porque nenhuma é, de facto, plausível. Desde que aprendeste a trocar o verbo desistir pelo verbo fazer, tudo fica mais forte, mais motivador e descobres em ti coisas que nem sabias que tinhas.
Colocar-me em primeiro plano, não é sempre cor de rosa, mas o que irei colher lá à frente é por demais compensador dos sacrifícios que, às vezes, são necessários. E é isso que me move, o futuro que me espera, enquanto ajeito o presente.
Hoje, as vozes na minha cabeça gritam alto: "vai lá miúda, TU ÉS CAPAZ!

segunda-feira, 17 de maio de 2021

Na terceira pessoa...


 Ela tem um jeito de menina bruta que se agarra na vida e nas pessoas. É meio ácida até quando tenta ser doce. Tem um labirinto dentro de si, cuja saída ainda falta descobrir. Vive nos extremos opostos. Hoje quer andar de carrossel, amanhã não te admires se a vires na montanha russa. Hoje quer sentir o sol bater-lhe na cara, amanhã pode nem querer ver a luz do dia.
Consegue ser a descontracção no meio do caos e transformar o mais simples em complicação. É diferente de muitas. Por fora e por dentro. Gosta do improvável, mas tem medo do desconhecido. Não lhe cabem os meios termos. Para ela não existem meias verdades, meias intenções, meios amigos. É de tudos e de nadas. Procura sempre o lado bom das coisas e das pessoas e ressignifica. Tenta encontrar razões para ficar, para estar bem e de bem. Tem um jeito próprio de ser que poucos lhe conhecem e que, não faz questões que muitos mais lhe vejam. Tem "preguiça" de se dar a conhecer por saber o quanto são descartáveis as pessoas e os momentos... Por assim ser, preza tanto os seus como a si própria. Ela gosta de gostar e de cuidar, mesmo nem sempre sabendo exteriorizar da melhor forma, se ela está, ela sente. Ela não gosta de surpresas, mas gosta de ser surpreendida. Gosta de atitudes ao acaso e gosta da excitação do inesperado. Ela gosta de gente que sente e que diz que sente.

quinta-feira, 29 de abril de 2021

E tudo se tornou descartável...


... Principalmente as pessoas. As relações tornaram-se demasiado complexas e as pessoas demasiado difíceis. O amor é feito de gostos e comentários, as conversas transformaram-se em nudes. À distância de um clique, evaporas a pessoa da tua vida. Os beijos foram substituídos por áudios. Os abraços transformaram-se em sexo fácil. E o sentir, o sentir nem entra na equação. Está na moda o não querer compromissos. Está em alta pisar os sentimentos dos outros. Está em voga o saltar de cama em cama. O silêncio é presença constante. O nada também.
As pessoas perderam-se no medo de sentir, perderam-se nas dores que não foram capazes de curar. Mexem sem intenção de ficar. Tocam sem tocar. Tornaram-se vazias e a única coisa que têm para oferecer são meia dúzia de minutos de prazer. E quando o prazer acabar? O que resta depois disso?
A vida não é isto. As pessoas não podem ser só isto. É precisamente, o oposto.

quarta-feira, 21 de abril de 2021

Precisava...


 ... de deixar de lado alguns padrões. Precisava de deixar de andar em círculos e entrar em becos sem saída. Tinha uma tendência natural para gostar e querer tudo aquilo que lhe fazia mal. Sabia-o bem, mas sabia-lhe bem... Até lhe pisarem os sentimentos.
Faltaram-lhe coisas na vida que acabou por ir procurar, sem encontrar, nos sítios errados. Perdeu-se nas efemeridades de quem procurava eternidade em pessoas rasas. Prometeu a si mesma não voltar a esses ciclos. Aprendeu a reavaliar as pessoas e agora distingue bem o que é para ser do que nunca será. Tem as prioridades em ordem e a sua é apenas uma: não permitir que lhe voltem a atropelar o coração e fazer de si a pessoa mais importante da sua vida. Não lhe tem corrido mal. Mantém-se longe de tudo aquilo que a pode fazer tremer e aprendeu a não empolar sentimentos. Ficou com os momentos e guarda as sensações. Dá o que tem, mas se não recebe de volta é como se dentro de si morresse alguma coisa. Recua e redefine tudo de novo. Muda o contexto e acerta as circunstâncias. Deixou de levar o coração para todo o lado e aprendeu a colocá-lo cá fora apenas para quem o sabe cuidar. Não ficou fria, mas já não se deixa queimar.

terça-feira, 6 de abril de 2021

Pensamentos meus...


 Fico sempre a perguntar-me onde falhei, o que faltou, porquê e porquê... Tenho este enorme problema, assumidissimo, de pensar demais. Penso antes, durante e depois. Questiono todas as minhas escolhas, o que poderia ter feito diferente, que palavras poderia ter trocado, que atitudes poderia ter emendado. Coloco-me no lugar do outro, tantas vezes quantas forem necessárias e quando não encontro as respostas, demoro até encontrar a minha paz. Tenho sempre a consciência de que há muito a melhorar, que podemos sempre aperfeiçoar e se há coisa que me inquieta é esta incerteza das coisas, estas dúvidas em relação a mim e aos outros.
Gosto de estar bem comigo e com os meus e quando as situações mudam sem que eu consiga perceber o porquê, abala-me de uma forma que me consome. Nem sempre agimos de uma forma intencional e até podemos acabar por magoar os outros, mas gosto de o saber. E embora tenha uma mente inquieta que, às vezes pode tornar-se um verdadeiro tsunami, a minha preocupação é saber que não falhei com ninguém, pelo menos de forma deliberada... E sentir que pessoas de quem gosto se vão sem um porquê, encolhe-me por dentro. Eu sei que nem toda a gente é de ficar, aliás, a grande maioria é temporária, mas sei lá... dói-me. Pelas partilhas, pelo afecto, pela conexão... e por tantos outros factores que eu não posso controlar. Gosto de guardar pessoas na minha vida e mesmo que deixem de fazer parte do meu quotidiano, preciso de tudo explicado. Preciso de perceber tudo, preciso de deixar um ambiente saudável e guardar as coisas bonitas... Outro defeito. Tenho noção que sou a personificação de intensidade, que prende e afasta na mesma medida, tenho noção de que as minhas palavras são, muitas vezes um choque, precisamente pela intensidade que lhes dou. Tenho noção de que toda eu sou uma bagunça embutida num corpo, mas não há nada que me incomode mais do que vazios, de quando não sobra nada...

segunda-feira, 29 de março de 2021

Ela não tinha perdido o Amor. Ele é que se tinha perdido dela.

  

Um dia, enquanto passeavam, o Amor distraiu-se com algo, largou-lhe a mão e, quando volveu o olhar, ela tinha desaparecido. Como um louco, deambulou pelas ruas, tentando desesperadamente encontrá-la em cada voz, em cada olhar, em cada boca. Em vão. As palavras que ouvia não eram as dela, o desejo e os sonhos, que lia nos olhos que encontrava, não eram os dela e os lábios que beijava não tinham o sabor dos dela. Ela não estava em lado nenhum. Ela não estava em ninguém.

Ela sabia que ele não encontraria, sozinho, o caminho de volta. Era frágil ainda para grandes façanhas e desnorteava-se com muita facilidade. Precisava que o guiassem, que lhe dessem força e coragem.

Por isso, todos os dias, ela saía de casa, embrenhava-se na multidão e procurava-o. Estava certa de que o encontraria. Bastar-lhe-ia escutar com muita atenção todos os corações. Tinham-lhe contado que os que batem mais forte são os que albergam o Amor. E ela acreditou.

 

sexta-feira, 19 de março de 2021

Porque a vida também se pontua...


 

 As reticências... uso e abuso delas. É a forma que arranjo para não dar o meu pensamento por terminado, para dar a entender que tenho mais para dizer... Como quando não fechamos a porta, mas apenas a encostamos para que seja mais fácil alguém entrar, sem precisar de bater... Lido mal com os pontos finais. São castradores. Não me deixam espaço, impõem-me limites, cortam-me as asas.

A minha vida deveria ser como a minha escrita, cheia de reticências... Não das que denunciam dúvidas, hesitações, mas daquelas que traçam avenidas que se enchem de gente, onde ecoam risos e se oferecem abraços a troco de nada...

A ironia é que sou uma mulher que distribui pontos finais. E se uns são merecidos, outros nem por isso. Preciso de aprender a dar o benefício da dúvida, a conceder oportunidades, a deixar de ter medo. Medo de que gostem de mim.

quinta-feira, 11 de março de 2021

Coisas minhas...


 

  Muita gente não [me] entende. E rotulam-me: "é um bicho do mato". Mas eu sou assim: preciso, muitas vezes, de silêncio e de estar só. E não o escondo de ninguém, não finjo ser companhia, não "faço sala". Seria uma péssima relações públicas, admito. Forçar sorrisos e fazer de conta que sigo conversas ocas só por que sim é algo que dispenso de bom grado. Passo, então, a ser "a esquisita", "a nariz empinado", "a gaja que tem a puta da mania", só porque não escancaro a minha vida na primeira conversa e não promovo à categoria de amigo gente que acabei de conhecer. [Que parvoíce, não é?]
Muita gente não entende que, para mim, viver não tem de ser sempre um arraial, com foguetes e tambores.
Muita gente não entende que eu apenas reclamo o direito ao meu espaço, ao meu tempo, à minha pessoa. E, sendo esse direito meu, exerço-o quando e sempre que eu quiser. Eu apenas me apodero da minha própria existência.

É assim tão difícil de entender?

terça-feira, 2 de março de 2021

Espelho meu...


 

 Pergunto sempre ao espelho o que ele vê em mim, para que eu me veja também. Passo horas com ele em longas e profundas conversas comigo. Aprendi a gostar do meu reflexo batido nele. Aprendi a aceitar as imperfeições que nele via e acolhê-las como parte de mim.
Disse-lhe muitas vezes como gostaria de me ver... E sem saber, depois de muito tempo, soube ver-me e ser exatamente a pessoa que lhe pedia para ser. O espelho não fez nada por mim, apenas me acompanhou e me ouviu... Mostrou-me o seu reflexo intermináveis vezes e fez-me perceber que nem sempre me tratei como merecia. Principalmente por dentro. Passei horas com o meu "eu", para me ver exaustivamente, para me analisar. Para além de me mostrar a imagem de quem eu via, mostrou-me a de quem eu queria ser. E eu aprendi a ser meiga com ele, a não me cobrar tanto e a fazer, da imagem lá reflectida, uma aliada. Aprendi a dirigir-lhe palavras bonitas em vez das habituais palavras de derrota e desconsolo. Passei de me lamentar para me enaltecer. E todos os dias faço isso com ele... Todos os dias um bocadinho do meu tempo é dele... Todos os dias marco um encontro comigo mesma junto dele... e todos os dias eu digo ao espelho: 

"estás tão bonita...!"

 

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021


Consegues fazer-me um bocadinho mais feliz... Igual a uma criança que encontra uma poça e quer pular para dentro de água e molhar-se como se não houvesse amanhã. Fazes com que os filmes do cinema se tornem aborrecidos em comparação com a aventura que é ter-te nos meus dias.
Enervas-me de um jeito que me divide entre o querer rir e o querer bater-te. Há alturas em que te "odeio" exactamente na mesma proporção do quanto te gosto.
Admiro a tua paciência e imagino que não devem haver chás de camomila que te salvem depois me ouvires. Gabo-te a honestidade com que dizes as coisas, pela transparência sem floreados.
Adoro o teu sentido de humor que, não é melhor do que o meu, mas me acompanha no ritmo certo para que tudo se torne mais leve.
Não gosto de tudo em ti, mas não mudaria nada. Isso seria tirar-te da tua essência e fazer-te à medida de ideias pré-concebidas. E esse é o teu encanto. E o mais bonito de tudo, é esta presença sem dependência, esta vontade genuína que não prende e não agarra. É o tanto que temos em comum e o tão parecidos que somos que nos une e nos afasta na mesma medida. Toda a nossa forma de estar é uma contradição... Somos o avesso um do outro e a simbiose perfeita. Somos a química, a atracção e o desejo embutidos em corpos e mentes despojadas de rótulos. E se, amanhã a roleta russa da vida nos tirar dos trilhos um do outro... Já valeu tanto a pena. Porque gente como tu e eu, encontram-se apenas uma vez na vida.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Coisas minhas que ninguém entende...


 Já fiz mil rascunhos hoje. Escrevi-te e apaguei-me vezes sem conta. Fiz esboços mentais de tanta coisa que me apetecia dizer-te, ao mesmo tempo, que não queria dizer-te nada. Tive saudades e não tive. Tive saudades tuas, mas também tenho minhas. Escrevi frases longas cheias de intenções, para a seguir deixar a página em branco. Difícil gerir esta ambiguidade de emoções ou da falta delas. De querer tudo e não querer nada. De ter tanto para dizer e nada apetecer falar... De sentir a falta, mas conviver bem com isso. De me seres importante, mas de me querer mais a mim.
Hoje, foi um dia de vazio de ti e preenchido de mim. De silêncio absoluto, comigo e com as minhas complicações que, de repente, parecem descomplicadas. Foi dia de arrumar algumas gavetas, de organizar em caixas o que estava fora do lugar, de fazer retrospectiva, de me ver... De me colocar nos dois lados da moeda, de me sentir na tua pele, sem largar a minha...
Hoje percebi que nunca foi sobre mim... E tudo bem.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Pára lá com isso...


 Pára de procurar o corpo da mulher para te vangloriares de o teres tido no teu leito. Pára de procurar a mulher como se de um pedaço de carne se tratasse. Pára de te exibir na roda de amigos de já teres estado com fulana e beltrana. O que tu fazes qualquer um sabe fazer.
Quero ver é tu seres capaz de lhe devolver o sorriso, seres capaz de a abraçar no meio do caos e alimentar-lhe os sonhos. Quero ver é a tua capacidade de amar as estrias dela e aceitar as suas rugas. Quero ver a tua capacidade de matar os demónios que ainda convivem dentro dela e fazê-la transformar isso na força, que ela ainda nem sabe que tem.
Diz-me quantos homens são capazes de amar a mulher e não apenas o corpo. Quantos conseguem trazer sensações jamais experimentadas? Quantos conseguem estimular o cérebro tanto quanto fazem com o corpo?
O verdadeiro significado da palavra homem define-se nas suas atitudes. Não importa se tens uns quilos a mais ou celulite, não importa se o teu cabelo hoje não está alinhado na perfeição e também não importa se tiveste um dia mau. Um homem, no verdadeiro sentido da palavra, vai amar-te da mesma forma, vai sentir-se grato por te ter na sua vida e não apenas na sua cama. O verdadeiro homem, vai tocar-te com palavras e não sairá de perto. O verdadeiro homem vai estar contigo para o que der e vier, porque foi capaz de fazer-te abrir o coração e não apenas as pernas

sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Solidão...


 

 O que dói na solidão 

é a escova de dentes

e o tabuleiro sobre a mesa de jantar.

É a lata de atum e o ovo mal estrelado,

são os treze minutos que o arroz leva a cozer

e a fatia de pão de forma a queimar na torradeira.

O que dói na solidão

são as lâmpadas fundidas e

as janelas lacradas,

é o barulho da porta da rua

no rés-do-chão do edifício

e o toque estridente

do telefone que nunca vamos atender.

O que dói na solidão do quarto

é a roupa a ganhar raízes pelo chão

é a torre de poetas

equilibrando-se na mesa de cabeceira,

é a cama que sempre esteve por fazer.

O que dói na solidão da casa

não é a solidão.

É a casa.