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quinta-feira, 29 de março de 2018

Era suposto ser tu e eu. Não um nós.

 
Não era suposto. Foi apenas o que consegui pensar naquele momento. Não era suposto estarmos ali. Era suposto ser eu e tu. Não um nós. Um nós assim. Um nós tão estranhamente bom. Um nós tão desmedidamente intenso.

Não era suposto sentir saudade. E eu sinto. Aquela saudade boa, sabes? Aquela saudade que nos dá ao coração a certeza de que os momentos de felicidade somos nós que os fazemos quando conseguimos estar em verdade connosco e não precisamos de filtrar aquilo que somos. Aquela saudade que nos dá ao coração a certeza de que há coisas tremendamente boas nas coisas más. A certeza de que até nos destroços de um terramoto há um pequeno elemento, por mais pequeno que seja, a que nos podemos agarrar e construir, de novo, a partir dali. 

Mas, depois, há o medo. Aquele que nos obriga a pensar duas e três vezes. Aquele que nos tenta contrariar as emoções. Aquele que nos tenta desligar do que sentimos no coração. É o medo de voltar a doer. Medo de que o amor volte a doer. Medo de voltar a sentir algo que nos transcende o corpo. Medo de perder a razão e agir com o coração. Medo de que até nem seja amor e seja apenas mais uma ilusão, mais alguém que funciona como uma espécie de cortina que oculta a nossa própria realidade.

Ou talvez seja, de facto, um sinal do universo. Um sinal que são estes momentos que ficam escritos no livro da nossa vida, estes momentos em que estamos absolutamente felizes, sem pensar num futuro, sem pensar no longo prazo, estes momentos em que importa o aqui e o agora e o passado foi só uma sucessão de acontecimentos que nos trouxe este presente. Talvez seja esse sinal, essa certeza de que não importa se é para sempre ou não, importa sim que seja verdadeiro enquanto é amor. 
 
 
O amor não é mel

sexta-feira, 23 de março de 2018

Ela estava ainda a aprender...


 

 A tentar desenvencilhar-se de si própria.
Não estava habituada.
Nunca lhe tinham ensinado a partilhar.
A partilhar-se.
Toda a sua vida tinha estado à margem dos outros.
De se dar.
Tinha vivido sempre na sua própria concha.
Mostrava apenas o estritamente essencial.
Não sabia que coisa era essa de dividir os sonhos e os medos com outra pessoa.
Nunca tinha partilhado uma mesma frequência de pensamento com alguém.
 Faltava-lhe a técnica.
Mas estava a aprender....

quinta-feira, 22 de março de 2018

Só porque ontem foi dia Mundial da poesia...


Já não tenho saudades tuas
Tenho é saudades de ser
Os braços que se moldavam nos teus
Porque mesmo não havendo para sempre,
Algumas memórias ficam eternamente
Até naquele último beijo que não se deu.

Não sei se te recordas desejei-te um feliz Natal
Na esperança que mesmo antes te voltasse a ver,
Tinha sempre a ilusão de um dia te "conhecer".
E parti de ti e em ti nunca mais voltei a ser.

Sei que não te faço falta
Nem nos sonhos
Nem nas batidas do coração.
Nem no tempo que foi tudo
Nem no abraço amarrotado,
De um sentir sem explicação

Mas sabes!?
Eu já não tenho saudades tuas,
Habituei-me à ausência das tuas mãos.
E ao silêncio que me consome o sangue,
Na perspectiva da razão.

Contigo cruzei a ponte da decepção.
Vivi a guerra depois do fim,
Gritei por vida depois da morte.
Esgotei a saudade,
Conquistei o meu chão.

Nós fomos o afrodisíaco da contradição
Nas curvas duvidosas de um olhar,
Eu fui o amor
Tu a traição.

segunda-feira, 19 de março de 2018

Pensamentos meus...




Às vezes somos como os pássaros...
Voamos em bando, comemos em bando, mas ultrapassamos as tempestades sozinhos...

quinta-feira, 15 de março de 2018

Porque hoje não me apetece dar título...



Querendo ou não, somos assim mesmo. 
Alimentamo-nos de esperanças sobre algo que não tem nenhuma chance de dar certo. 
Alimentamo-nos de amores inexistentes e de palavras que não dizem nada. Somos assim...
Criamos coisas nas nossas cabeças. 
Ilusões e mais ilusões, para fugir de uma realidade que nos quebra e nos destrói pouco a pouco todos os dias.

segunda-feira, 12 de março de 2018

Regressar ao passado...

 
 
Às vezes, é bom regressar, ainda que por momentos, ao passado. Ouvir as músicas que nos acompanharam os sorrisos ou até mesmo as dores. Ler os livros que nos fizeram percorrer determinados caminhos, tirar determinadas conclusões sobre nós, sobre a vida. Olhar fotografias, ler diários. Explorar um tempo que já passou e nem sempre ficou bem arrumado, um tempo que já passou, mas talvez tenha deixado muitas pontas soltas.
Às vezes, é bom regressar lá. Remexer. Com outra maturidade. Com outra experiência. Com outro olhar. Sobretudo, com outro olhar. Perceber que o tempo passou e que há coisas que não voltarão a ser como antes. Perceber que o tempo passou e as nossas dores foram doendo menos. Perceber que o tempo passou e que aquilo que somos hoje é também consequência desse passado, dos tropeções, das quedas, dos erros - os que cometemos e os que cometeram connosco. 
Às vezes, é bom regressar para arrumar o que, no momento, não conseguimos arrumar, por falta de força, por falta de garra, por falta de coragem. Às vezes, é bom regressar ao passado para colocar as coisas no sítio, colocá-las de forma a quem não nos magoem tanto, de forma a que não nos condicionem tanto. Ficarão lá sempre. Mas se as arrumarmos, ficarão como uma boa recordação, como uma boa memória. Ficarão com a certeza de que aquilo que não nos mata, torna-nos, invariavelmente, mais fortes.

sexta-feira, 9 de março de 2018

Amizade versus paixão

 
 
 
 
Existe qualquer coisa de enigmático que se esconde por detrás da falsa indiferença que ambos fazem questão de mostrar. 
Talvez no indizível dos pensamentos...
Fazem uma espécie de jogo de sedução, mortalmente perigoso e cuja única regra se impõe pelo silêncio que a rege e algo me diz que nenhum dos dois se atreverá a quebra-la, jamais!
Quando forem obrigados a permanecer frente a frente, sem terem para onde fugir, não terão outro remédio que não seja o de arriscar no jogo que servirá também para testar as suas resistências. Por isso, serão jogadores mudos até ao resto da vida, cientes de que nada mais haverá para ganhar, do que aquele momento tão desejado, além daquilo que todos os dias irão perdendo e que já conta desde o início, logo após o fim...
Será que terão coragem de trocar a amizade saudável que têm por uma leviandade, por um capricho, por um impulso, por uma paixão... e se algum dia ganharem, certamente que um dia o peso da perda será sempre maior do que o do ganho.

quarta-feira, 7 de março de 2018