Às vezes, é bom regressar, ainda que por momentos, ao passado. Ouvir as
músicas que nos acompanharam os sorrisos ou até mesmo as dores. Ler os
livros que nos fizeram percorrer determinados caminhos, tirar
determinadas conclusões sobre nós, sobre a vida. Olhar fotografias, ler
diários. Explorar um tempo que já passou e nem sempre ficou bem
arrumado, um tempo que já passou, mas talvez tenha deixado muitas pontas
soltas.
Às vezes, é bom regressar lá. Remexer. Com outra maturidade. Com outra
experiência. Com outro olhar. Sobretudo, com outro olhar. Perceber que o
tempo passou e que há coisas que não voltarão a ser como antes.
Perceber que o tempo passou e as nossas dores foram doendo menos.
Perceber que o tempo passou e que aquilo que somos hoje é também
consequência desse passado, dos tropeções, das quedas, dos erros - os
que cometemos e os que cometeram connosco.
Às vezes, é bom regressar para arrumar o que, no momento, não
conseguimos arrumar, por falta de força, por falta de garra, por falta
de coragem. Às vezes, é bom regressar ao passado para colocar as coisas
no sítio, colocá-las de forma a quem não nos magoem tanto, de forma a
que não nos condicionem tanto. Ficarão lá sempre. Mas se as arrumarmos,
ficarão como uma boa recordação, como uma boa memória. Ficarão com a
certeza de que aquilo que não nos mata, torna-nos, invariavelmente, mais
fortes.
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