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quarta-feira, 19 de novembro de 2025

Insónias...


 São quase três da manhã e estou na varanda fechada, mas aberta para o céu. 
Cansada, mas lúcida. 
Inquieta, mas serena (se é que isto faz sentido). 
A lua espreita serena entre os prédios, espalhando um brilho suave sobre a roupa estendida nos estendais dos vizinhos, que balança devagar, como se dançasse ao som de uma melodia que só eu consigo ouvir. 
As estrelas piscam, tímidas, cada uma como uma promessa de tudo o que ainda quero viver. 
Com tudo o que está por vir.
O silêncio domina, mas não está vazio. 
Chegam-me sons da rua: passos lentos, o farfalhar das folhas, um carro distante. 
Escuto também os murmúrios das casas: risos abafados, portas que se fecham, televisões ligadas, saltos que batem no soalho. 
Tudo se mistura numa sinfonia íntima, um murmúrio de vidas que continuam mesmo enquanto o mundo parece dormir.
E no meio deste cenário, Rui Veloso canta baixinho para mim. 
Volto sempre ao "Anel de rubi".... suave e carregada de memórias, como se a cidade inteira tivesse decidido cantar para mim esta madrugada. 
Cada acorde percorre a varanda, envolve-me, e transforma cada detalhe...a roupa a balançar, o farfalhar das folhas, os sons da rua, numa dança delicada de lembranças e desejos.
Sento-me, deixo-me perder entre o brilho da lua, um gole de vinho e o ritmo da música. Penso em tudo o que ainda quero fazer, nos lugares que quero conhecer, nas histórias que ainda vou viver. 
Cada estrela é um fio de esperança, cada som da rua um lembrete de que a vida está ali, à espera. 
E eu estou aqui, quieta na varanda, entre o céu e a rua, entre o silêncio e a melodia, sonhando acordada. 
"Está um frio de rachar", mas o coração quentinho.
Mesmo cercada pelo sono do mundo, percebo que estou viva. 
Inteira. 
Solta. 
Com o coração a bater no ritmo da madrugada e da minha própria imaginação, embalado pelo "Anel de Rubi" que toca, discreto, só para mim... 
Como se tivesse sido feita para mim.


segunda-feira, 3 de novembro de 2025

Um dia vou apaixonar-me por ti...


 

Mesmo que ainda não saiba quem és.
E quando isso acontecer, quero que me puxes para dançar na cozinha, entre o cheiro do alho a refogar e a água a ferver no tacho, como se a vida inteira coubesse num rodopio ao som de uma música qualquer. 
Quero que me acordes às três da manhã porque a chuva lá fora insiste em chamar-nos, ou porque a lua está tão brilhante que seria crime não a partilhar debaixo de uma manta na varanda.
Quero que me ligues radiante porque o teu clube acabou de marcar e que eu sinta na tua voz o mesmo entusiasmo com que me olhas. 
Quero que me contes os teus medos, até os mais tolos e escondidos, e que me deixes segurá-los como quem protege uma vela acesa num dia de vento.
Quero que te enrosques no meu colo nos domingos preguiçosos, trocando o travesseiro pelo meu peito e que o compasso do meu coração seja o teu embalo. 
Que rias das minhas manias, que roubes batatas fritas do meu prato como se fosse um ritual nosso, que escondas bilhetes nos bolsos do meu casaco só para me surpreender quando o mundo pesar.
Quero que me olhes nos silêncios, que me guardes nos gestos pequenos e que fiques ali, só a contemplar-me, como quem olha para um segredo demasiado bonito para ser dito em voz alta.
E Acima de tudo, quero que cada instante contigo... seja um abraço, um gole partilhado, um riso fora de hora, seja imenso o suficiente para durar para sempre


quinta-feira, 23 de outubro de 2025

Aprendi...


 ... a ferros e silêncios, que não se pode esperar dos outros o mesmo que se dá. 
Não é maldade, é diferença. 
As pessoas não sentem igual, não medem igual, não amam igual. 
E eu, que sempre achei que dar era uma espécie de bilhete de volta, percebi que às vezes é só um bilhete de ida.
Já me zanguei comigo por isso. 
Por dar demais, por insistir em ver bondade onde só havia distração. 
Mas depois perdoei-me. 
Porque há quem nasça com o dom de dar, e não há muito a fazer, tirando o remendo do orgulho e o jeito de quem continua mesmo depois de saber.
Continuo a dar.
Mas já não espero.
Aprendi o truque, dar por gosto, não por retorno.
E se um dia parar, não é vingança.
É pausa.
Para que aprendam, ou para que sintam, por um instante, o vazio que fica quando quem dá se cansa.

quinta-feira, 9 de outubro de 2025

Há dias...


 

... em que tudo parece ruir, como se o chão que pisamos deixasse de ser firme.
É nesse momento que o coração se enche de dúvidas, que a força se esconde e a vida parece demasiado pesada para ser carregada.
Mas a verdade é que, mesmo no meio do caos, existe um fio de esperança que insiste em não se partir.
A luta do dia a dia não é sinal de fraqueza, é sinal de coragem.
É a prova de que, apesar das quedas, ainda há em ti uma chama que não se deixa apagar.
Porque resistir quando tudo é fácil não tem mérito.
O verdadeiro poder está em continuar quando tudo à volta grita para desistir.
Lembra-te: cada tempestade, por mais feroz que seja, acaba sempre por dar lugar ao sol.
Nada é eterno, nem a dor que agora carregas.
Vai haver um tempo em que olharás para trás e perceberás que até os dias escuros tiveram o seu propósito: ensinaram-te a ser mais forte, mais sensível, mais humana.
O caminho pode estar duro, mas tu não estás sozinha nele.
E, mesmo que hoje te sintas a desmoronar, amanhã será sempre uma nova oportunidade para recomeçar.
E que todos os dias sejam amanhãs.

segunda-feira, 25 de agosto de 2025

Podia dizer-te que te amava.


 

Pois podia. 
E essa é a resposta que tu julgas mais acertada. 
A certeza que todo o mundo julga ter. 
Só que não é essa a minha verdade. 
A verdade é que te amo e não te amo.
Agora ficaste confuso, não foi?
Também eu. 
Todos os dias fico confusa quando penso em ti. 
É verdade que tenho um sentimento especial por ti. 
Um sentimento que carrego no coração, sem que ele me pese. 
Pelo contrário, dá-me tanta leveza que quando penso em ti só me apetece voar. 
Só que ainda não descobri que nome dar a este sentimento.
Não é amor o que sinto. 
Não existe aquela química da paixão. 
Não despertas em mim o desejo carnal, não há aquele desejo de que sejas só meu. 
Não me arrepias a pele quando me tocas. 
Percebes? 
Eu amo-te e não te amo. 
Preciso de encontrar a palavra certa para definir o que sinto.
Gosto que me olhes com esse olhar maroto, que eu adoro. 
Gosto quando te sentes feliz e me beijas o sorriso. 
Quando agarras a minha mão e a beijas com gratidão. 
Quando me abraças e me sinto protegida. 
É que nesses momentos perco a minha razão. 
Procuro por uma explicação e ela não aparece.
Amo-te e não te amo. 
Parece confuso, mas é a realidade.
Há uma vibração que vem de ti e que me alimenta o coração. 
Sem que seja paixão. 
Transformaste o meu mundo. 
Pisaste o meu chão. 
Mostraste-me o outro lado da vida. 
Cultivaste no meu jardim a tentação. 
Eu recebi-te de braços abertos. 
Encostei-me no teu peito. 
Um abraço que me deu conforto. 
Um abraço que me fez criar asas. 
Um beijo que me deu esperança. 
Um olhar que me deu coragem.
Talvez seja isso, o que nos une é a gratidão.
Eu sei que tu estás sempre aí para me dares a mão. 
Eu estou sempre aqui para de confortar com o meu abraço. 
És o meu anjo da guarda. 
Um anjo maroto que por vezes me empurra para a tentação. 
Aquele malandro carinhoso que me mostra o caminho da perdição.
Sabes, eu amo-te.
Amo-te como só os amigos sabem amar. 
É assim que eu te amo. 
E este amor nunca irá acabar. 
O teu lugar no meu coração é eterno. 
Ninguém o conseguirá roubar. 
Por mais amores que passem pelas nossas vidas. 
Tu serás sempre meu e eu serei eternamente tua.
É assim que eu te amo...


quarta-feira, 13 de agosto de 2025

Sonhos e afins...


 Quando se viram pela primeira vez, corria um rio à frente deles. 
Entre o entusiasmo e a excitação, as mãos dela tremiam e o coração acelerava em cada batida. 
Ele cheirava a conforto e o seu sorriso era a personificação de paz. 
Ela nem conseguia olhar para ele. 
Queria tanto estar ali que nem sabia como agir. 
Ouviram juntos aquela água correr e o silêncio que os envolvia. 
Eram só eles ali. 
E ela desejou baixinho que fosse sempre assim... 
Só eles.
Olharam-se nos olhos, abraçaram-se e riram... 
Um do outro, um com o outro.
Voltaram àquele rio uma outra vez... 
Já sem o nervoso da primeira vez, mas com o mesmo entusiasmo. 
Ela gostava de o olhar discretamente. 
Gostava da forma como ria e de como tudo parecia fácil. 
Gostava de o admirar em silêncio ao mesmo tempo que o provocava. 
Ele tinha um ar de malandro quase poético que, de tão provocatório o tornava particularmente encantador. 
Tinham uma conexão mental inexplicável e uma leveza no trato que os fazia serem miúdos de novo. 
E de cada vez que se tocavam, havia uma química visceral difícil de controlar. Sabiam que se queriam.
O rio continua lá,a água continua a correr...
Ela agora senta sozinha na margem do rio... 
Com saudades dele. 


sexta-feira, 18 de julho de 2025

Tu...


 

E se eu pudesse escolher alguém para voar comigo, serias tu. 
Serias sempre tu.
Serias a escolha perfeita para os dias coloridos e serias o par ideal para as noites mais longas. 
Serias o pôr do sol de domingo a abraçar as loucuras de sábado à noite. 
Serias o regaço em dias de trovoada e serias a luz em noites calmas.
Não te sei traduzir o quanto me és, e nem quero... 
Não precisas de rótulos que te definam, pois és, a forma mais bonita de se querer alguém. 
És bússola no meu caminho ao mesmo tempo que sentir-te me ferve nas veias. És razão e paciência, és tolerância e compreensão, és gente que cuida da gente, sem saber que está a cuidar. 
E é isso que torna diferente. 
Esse cuidado, essa leveza de quem é naturalmente do bem, essa espontaneidade que te é intrínseca e que fazes porque sim. 
És a personificação de gente que já não se faz ou então sou eu que tenho a sorte de te conhecer assim.
És-me tanto que nem sabes o quanto... 
E, queira a vida, que te possa guardar sempre assim.

quarta-feira, 9 de julho de 2025

Coisas da vida


 

Para ela, ele era o tipo mais errado do mundo! 
Mas ela gostava dele! 
Era como se houvesse uma qualquer força dinâmica que os aproximava...
Havia qualquer coisa nele que a desconcertava... ainda não descobrira exatamente o quê, mas sabia que o seu coração batia mais depressa quando ele aparecia...
Para ele, havia tempo, havia calma e toda uma vida pela frente para viver o que aparecera no caminho... já ela, queria viver tudo depressa, queria apagar o mundo e ficar ali a pensar nele...
Para ela, ele era demasiado perfeito... já ele, mostrava-lhe o contrário...
Ela não entendia o que ele via nela! 
Não porque ela não se valorizasse, mas porque ele era tão errado, que talvez isso fizesse com que tudo batesse tão certo...
Gostavam um do outro... era notório, estava à vista de todos... mas não podiam estar juntos...

quarta-feira, 2 de julho de 2025

Um dia alguém perguntou-me...


 

“E de ti, quem cuida?”
Falas dos outros. Da tua família. Do trabalho. Das tuas guerras diárias…
Mas quem te deseja bom dia com alma?
Quem te arranca para um almoço só para te ver sorrir?
Quem te manda aquela mensagem que te desarma?
Não é isso que nos faz sentir vivos?
Ter alguém que, no fim do dia, escolhe ficar…
… e não fugir para o conforto seguro de um porto qualquer.
Amar exige coragem, compromisso ...
E onde está essa pessoa que te olhou e viu o que eu vejo?
Porque chamar-te linda, forte, única, extraordinária… é fácil.
Qualquer um diz.
Mas arriscar amar-te?
Isso sim… é outra história.
É difícil amar uma mulher cheia de cicatrizes.
Eu sei.
Nem todos chegam a ti.
Fui travado pela tua muralha, vítima do teu escudo.
Mas impossível? Nunca.
Amei-te em silêncio… uma vida inteira.
Segui-te nas sombras, não por medo… mas por lealdade.
Para que nunca duvidasses: mesmo calado, a minha amizade sempre te pertenceu.
Tu fechas-te quando o mundo te cai em cima.
Mas mesmo assim…
És daquelas mulheres por quem vale a pena lutar até ao fim."


Obrigada pela dedicatória.
Eternamente tua...
Tua amiga.

quarta-feira, 25 de junho de 2025

Pensamentos


Eu tenho a minha história, o destino que carrego nos meus ombros.
O passado de tudo o que já passei, as dores que me fizeram doer a alma, mas que me transformaram em tudo o que hoje sou.
 As gargalhadas que dei quando a vida me deixou sem respostas e as bofetadas que levei quando eu me quis rir da vida.
 As lágrimas que chorei pelas desilusões e as ilusões que carreguei sem querer ver a verdade da vida.
A minha história é só minha, são as linhas que desenhei no percurso sinuoso da minha existência.
 Os caminhos onde procurei a esperança e as encruzilhadas em que não soube escolher a melhor rota a seguir.
Durante anos caminhei por esses trilhos, deixei que o mundo me tratasse com queria.
 Tomei decisões erradas e errei em tantas ocasiões.
Não fui quem devia ser e deixei que me julgassem por quem não era.
 Fiz tantas asneiras e dei tantos passos errados, escrevi nas páginas que outros já tinham escrito e deixei tantas páginas em branco.
Talvez tenha deixado uma história a meio, por me faltar a coragem de lutar por aquilo que sou e não pelos ideais que o mundo me impunha.
 Por isso, deixei sonhos para trás e fui ultrapassada por sonhos que não fui capaz de segurar.
Foi assim que construí a minha história e sou quem sou por minha culpa e não por culpa de outros.
Tenho o que tenho porque não lutei por mais e faltam-me tantas coisas por não ter sabido arriscar no momento certo.
Mas, a vida diz-me que ainda é tempo, que há muita coisa que ainda posso fazer, muitas realidades que posso inverter.
Afinal a vida ainda está nas minhas mãos e sou eu quem a pode decidir, basta-me apenas ter força de vontade para me fazer renascer.....
 

segunda-feira, 9 de junho de 2025

Há dias assim...


 

Há dias em que não sei se estou triste ou só cansada de fingir que não estou.
As pessoas confundem. 
Olham para mim e acham que sabem. 
Que porque continuo a andar, estou bem. 
Mas às vezes só continuo a andar porque parar parece ser mais perigoso.
Não me leem. veem o que querem ver.
Acham que porque não grito, estou em paz. 
Que porque respondo, estou disponível. 
Mas há dias em que só queria que o mundo se calasse. 
Que ninguém me pedisse nada. 
Nem um bom dia. 
Nem um sorriso.
Canso-me de explicar. 
De justificar o ar ausente, o olhar que foge, o corpo que se encolhe.
Não estou zangada, não estou chateada, não estou má, estou só… gasta. 
Gasta por dentro.
E não é drama. 
Não é falta de amor próprio.
É só aquilo que ninguém vê porque eu não deixo.
Porque aprendi a esconder antes de aprender a pedir ajuda.
Não quero que me entendam todos os dias.
Só quero que, de vez em quando, alguém me diga:
“Não tens de dizer nada, eu percebo.”
E que perceba mesmo. 
Sem precisar que eu rebente. 
Sem que o meu silencio precise de legenda.
É só isso…
Ser vista.
Mesmo quando me escondo.


sexta-feira, 16 de maio de 2025

Desabafos...


 Não sou heroína, não sou exemplo, não sou lição para ninguém. Sou só carne, osso e uns quantos traumas que fui aprendendo a usar como armadura. A verdade é que a vida não me fez mais forte. Fez-me resistente. Que não é bem a mesma coisa.
Força é quando tu escolhes lutar. Resistência é quando continuas porque não há outra hipótese.
E eu continuo.
Não porque sou mais corajosa, mas porque sei o que me espera se parar. Já vi o fundo de mim. Já estive no escuro onde a cabeça grita e o corpo fica mudo. Já me despedi mentalmente de tudo o que tinha e mesmo assim, no último segundo, houve qualquer coisa, mínima, miserável, a dizer: "Ainda não".
Não sei se é fé, se é teimosia, se é o instinto de sobrevivência animal. Mas existe. E, foda-se, é mais forte do que eu.
A vida ensinou-me a deixar cair quem pesa mais do que ajuda. A escolher os silêncios em vez das discussões estéreis. A aceitar que há dores que ninguém vai perceber e que nem vale a pena explicar. Que não há diploma para quem aguenta. Que não há prémio no fim, nem um aplauso no último acto.
Mas também me ensinou que o simples facto de acordar no meio do caos já é uma pequena vitória. Que há beleza em sobreviver. Mesmo de olhos vazios, mesmo sem poesia, mesmo sem esperança. Sobreviver é a forma mais pura de desafio.
E enquanto eu respirar, eu vou. Nem sempre bem. Nem sempre certa. Mas vou. Porque o inferno que me espera se desistir é muito pior do que qualquer merda que eu tenha de atravessar.
Por isso, não me venham com merdas de positividade barata, de clichês de almofada, de frases feitas. Guardem isso para quem lê Gustavo Santos.
Eu sigo. Na raça. No instinto. Na verdade crua. E às vezes, na puta da raiva. Porque, no fim, é isso que me faz humana. E eu não troco isso por nada.


terça-feira, 13 de maio de 2025


O relógio marca a hora...o calendário marca a data...o coração marca o ritmo... só a morte chega sem avisar! 
Vivemos quase como se fossemos imortais... só o vizinho morre, o pai daquele teu amigo, a prima da tua namorada... e deixamos tudo para amanhã! 
Principalmente, aquelas palavras presas na garganta que teimam em sufocar.
Amanhã, podes não ouvir o despertador, podes já nem ter que ir trabalhar, podes deixar de ver os teus filhos crescer, podes perder um grande amor... pode tanta coisa acontecer...que tu podes já cá não estar para ver!
E agora? 
Estás a viver ou a sobreviver? Já pediste desculpa? Já disseste obrigado? Já disseste a todas as pessoas de quem gostas, o quanto gostas? 
Estás a viver os teus sonhos? Ou estás só tomado pelo medo?
A vida não espera e quando perceberes... já passou!
E a mim? 
Se acordares amanhã, o que me dirias? 
Já que não tiveste coragem de o dizer hoje...


 

terça-feira, 6 de maio de 2025

Dicas...


 

Podes invadir o meu espaço, ou até podes chegar delicadamente, mas não tão devagar que me faças dormir.
Nunca grites comigo, tenho o péssimo hábito de revidar.
Normalmente acordo de bom humor, mas deixa-me ao menos escovar os dentes...
Toca-me nos cabelos e mente-me sobre a minha estrondosa beleza.
Espero que tenhas vida própria, e que me faças sentir saudades.
Faz-me rir, mas não me contes piadas preconceituosas, detesto!
Espero que viajes muito antes de me conhecer, que já tenhas sofrido, para reconheceres em mim um porto de abrigo.
Acredita nas verdades que digo, e também nas mentiras, elas serão raras e sempre por uma boa causa.
Se eu estiver triste respeita o meu choro, volta só quando eu te chamar, e não me obedeças sempre, ás vezes gosto de ser contrariada. 
(Então fica comigo quando eu chorar, combinado?)
Espero que sejas mais forte que eu e menos altruísta!
Não te vistas sempre bem, gosto de camisas por fora das calças, gosto de ver braços, pernas e pescoço a descoberto.
Espero que gostes de ler e escolhas os teus próprios livros, que ames a noite sem te escravizares nela.
Não quero que sejas meu pai, nem meu filho, escolhe um papel para ti que ainda não tenha sido preenchido.
Enlouquece-me nem que seja uma vez por mês.
Que gostes de música e de sexo.
Não inventes de ter filhos, de me levar à missa, ou de me apresentar a toda a gente... veremos depois.
Deixa-me conduzir o teu carro que tanto gostas, quero ver-te nervoso, inquieto...
Olha para as mulheres bonitas, sai com os teus amigos, façam  e digam disparates juntos.
Não me contes os teus segredos, faz-me massagens nas costas... não fumes, não bebas em excesso.
Chora quando tiveres vontade, prometo secar-te as lágrimas.
Mas se nada disto funcionar... experimenta amar-me!


segunda-feira, 28 de abril de 2025

Talvez eu queira que ele saiba que eu tenho medo.



Gosto da forma como ele me contraria.
Gosto e ele não sabe que eu gosto.
E eu contrario-o e ele surpreende-me.
Às vezes tenho medo, mas ele não sabe.
Habituei-me a ser selvagem.
Os selvagens não têm medo, pois não?
Sabem defender-se.
E eu defendo-me atacando.
Assim ninguém sabe que tenho medo e fogem antes de perceberem.
Eu não quero que ele fuja.
E não quero que ele me deixe fugir.
Talvez eu queira que ele saiba que tenho medo.
Às vezes não lhe digo o que sinto para não me sentir nua.
Não estou habituada a sentir-me nua por dentro… fico com frio na alma.
Será que também isso é medo?
E tento esconder-me sorrateiramente atrás da minha muralha, mas ele sabe onde me escondo… e mima-me sem reservas… e contraria-me mais uma vez deitando-se sobre o muro que construi em mim e retirando pedra por pedra… pacientemente… apaixonadamente… é assim que ele me trata… contrariando a única forma de vida que conheço… o meu modo de sobrevivência…
Às vezes eu tenho medo, mas ele não sabe.
Talvez eu queira que ele saiba.

 

segunda-feira, 21 de abril de 2025

Paris...



Da minha janela eternizei parte da minha vida... Paris para sempre!



 Cada vez que volto a "casa" é como se abrisse a janela da minha infância e tivesse do dom de voltar no tempo... 

Aqui fui feliz, nesta rua... estas árvores contam histórias de mim que mais ninguém conhece... 
Mas a vida é feita do presente, do passado já ninguém quer saber... por isso é sempre bom voltar a Paris, mas é sempre melhor regressar a Portugal.

quinta-feira, 10 de abril de 2025

Fui teu tudo…, mas tu foste meu nada.


Dei-te o meu corpo, a minha alma, o meu sorriso e o meu abrigo.
Tu retribuíste com silencio, desprezo e mentiras.
Enquanto eu sonhava com o nosso futuro, tu vivias enganando-me.
Enquanto eu lutava por nós, tu lutavas contra mim.
Nem sei quantas vezes silenciei a minha dor só para não te perder.
Quantas vezes engoli o meu orgulho só para que ficasses comigo.
Mas tu já tinhas partido… só o teu corpo estava presente.
Porque a tua mente vagava em outras camas, outros corpos, outras histórias…
Fui intensa quando devia ser cautelosa…
Fui farol para quem nem sombra merecia.
Fui luz para a tua escuridão, mas tu apagaste a minha chama.
Hoje não te quero de volta!
Nem com pedidos, nem com lágrimas, nem com promessas recicladas.
Perdeste-me naquele dia… sabes? 
Aquele em que fizeste do meu amor um capacho.
No dia em que o meu choro se converteu em música de fundo para o teu descaso.
Não sou mais o teu porto seguro nem a tua última opção.
Não me procures no teu desespero, porque já me perdi de ti.
Hoje sinto-me inteira. Sem rachaduras tuas.
E se a saudade bater à minha porta, deixo-a ficar do lado de fora.
Porque a minha casa agora é só para quem sabe amar… e tu não sabes!


 

segunda-feira, 7 de abril de 2025

Coisas minhas...


 

Quando me perguntam como estou, a minha resposta é sempre. 
"BEM"
É mais fácil do que explicar a tempestade que existe dentro de mim.
Quando me perguntam: o que tens? a resposta é 
"NADA"
Porque explicar o que sinto torna a dor mais real.
Quando me perguntam se preciso de algo...
A resposta é sempre: 
"NÃO"
Porque admitir que preciso de alguma coisa faz-me lembrar o quanto só eu me sinto.
Porque às vezes o silêncio é mais confortável que a verdade.
Às  vezes é mais fácil fingir que está tudo bem do que tentar explicar o que nem eu entendo.
Não sei quando aprendi a fingir tao bem... 
Mas... sinceramente, queria esquecer como isso se faz.  


sexta-feira, 28 de março de 2025

Hoje é sem foto...

Gostar é ter pressa para chegar a casa, é desistir de sair porque começou a chover, é deixar para depois o que poderia ser feito hoje. 
Amar é sofrer por cada segundo que passa, é não ver o tempo passar e na hora de ir embora, lamentar: mas já?
Amar é sair debaixo de chuva, se preciso for, ou inventar um desses programas com edredons, filmes e carinhos, é aprender com o passado, viver o presente e se importar com o futuro.
Gostar é beijar e não perder a noção do tempo nem do espaço. 
É saber muito bem onde se está e de vez em quando, abrir os olhos para conferir o mundo à volta. 
Amar é permitir ser sequestrado por um beijo, é viajar na velocidade da luz, é sentir que está perdido e não fazer esforço algum para tentar se encontrar. 
Amar é quando o beijo te deixa atordoado, sem fôlego e sentindo-te especial. 
Gostar é quando o beijo tem começo, tem fim, mas não tem história, é quando tu sentes que és apenas mais um.
Quando não existe amor, o relacionamento pode ser bom, mas não deixa de ser só atracção. 
Amar é ter uma ligação que vai além da carne, é uma junção de almas. 
Gostar é ter vergonha de expor os seus defeitos, é esconder os erros debaixo do tapete, é tentar mostrar que é sempre perfeito, mas por trás, sabe que não está sendo verdadeiro.
Amar é não ter vergonha dos seus defeitos, é exibi-los sem receio, é deixar bem claro que está longe de ser alguém perfeito, mas que jamais faria algo que magoasse o outro.
Gostar é dormir junto, mas levantar cedo no outro dia para outros compromissos. 
Amar é abrir mão da sua rotina é querer ficar até a outra vida. 
Gostar é ver as qualidades, mas perceber os poucos defeitos. 
Gostar é dar as mãos, mas ainda assim não se sentir seguro. 
É seguir com alguém, mas carregar aquela leve impressão de que não vai dar em nada. 

Gostar é  prender-se ao outro. 
Amar é escolher ficar mesmo com tantas opções para fugir.

Gostar é prometer, 
Amar é surpreender. 
Gostar é falar, falar, falar...
Amar é agir.
 Gostar évou ver e qualquer coisa eu ligo’, 
Amar é " liguei-te para dizer que estou a caminho”. 
Gostar é pensar: ”Eu espero que ela/e  me envie uma mensagem, ou envio eu?”, 
Amar é aparecer, comparecer, é dizer o que o coração sussurra. 
Gostar é preferir calar e falar só o que a mente deseja. 
Gostar é querer estar sempre certo. 
Amar é aceitar que nem sempre estás certo. 
Amar é ceder, é não ter vergonha de demonstrar afecto. 

terça-feira, 25 de março de 2025

Coisas do coraçao


 

O coração tem quatro cavidades.
A primeira é só tua, para a tua vida e as tuas coisas.
A segunda é para a família, os filhos, os amigos que são como irmãos.
A terceira é para as coisas leves, os disparates que te apetecer fazer, e a quarta é para o que tu quiseres.
Pode ser para mim, se ambos assim decidirmos.
Mas tens de pensar bem nisto e ter a certeza, porque está tudo a ser tão bom que há pouca margem para equívocos, percebes o que te estou a dizer, não percebes?

sexta-feira, 21 de março de 2025

Sorrisos...


                                                            "Creio que foi o sorriso.

Sorriso foi quem abriu a porta.
Era um sorriso com muita luz lá dentro,
apetecia entrar nele
tirar a roupa, ficar nu dentro daquele sorriso
Correr, navegar, morrer naquele sorriso.


 
                                   (Eugénio de Andrade)

segunda-feira, 17 de março de 2025

Quem sou eu?


Sou a filha que cresceu sem dar trabalho, que
aprendeu cedo a sufocar suas dores para não
pesar nas costas de ninguém.
Sou a menina que nunca reclamava, que sempre se esforçou para ser o que esperavam dela, não por medo de decepcionar, mas porque acreditava que talvez, ao ser boa o suficiente, alguém a olharia com o cuidado que ela tanto desejava.
Sou a irmã bruta, a que parecia forte, a que
sempre a protegeu, mesmo
quando sua força era apenas uma máscara.
Sempre pronta para resolver problemas, para 
oferecer um ombro, para ser aquela em quem
podiam confiar...
Mas quem cuidava de mim quando eu me sentia desmoronar por dentro?
Sou a menina que aprendeu cedo demais a se
curar sozinha, não porque queria, mas porque
teve que aprender.
Porque o mundo parecia sempre ocupado demais para ver que, por trás da força, existia uma alma cansada, com feridas abertas e um desejo simples: ser cuidada.
No fundo, nunca quis ser a mais forte, eu só
queria, por um momento, largar o peso do
mundo que carrego nas costas e ser acolhida.
Queria que alguém me dissesse: 
“Não precisas ser forte sempre.”
Queria que alguém visse as minhas lágrimas, mesmo quando eu tentava escondê-las.
Por muito tempo,perguntei: 
Será que é tão difícil ver que, por trás da fachada de
quem resolve tudo, existe uma pessoa frágil?
Será que pedir para ser cuidada é demais?
Hoje, escrevo esta carta não por rancor,
mas por um cansaço que transborda.
É uma tentativa de gritar o que sempre guardei no silêncio., porque, por mais que eu saiba me curar sozinha, sempre haverá uma parte de
mim que anseia por alguém que diga: 
“Hoje vou cuidar de ti.”
Mesmo que esse dia nunca chegue, ao menos aqui, nessas palavras, minha dor encontra sua voz.
Com toda a fragilidade que sempre escondi,
A menina que só queria ser cuidada.

sexta-feira, 14 de março de 2025

Sobre ela...


 Nunca ninguém vai saber de tudo! 
Ensinara-lhe a vida a guardar dentro de si a verdade dos seus dias.
Avessa a vidas e a pessoas perfeitas. 
Ela é a personificação de regras que foram feitas para serem quebradas e de que a vida é feita de solavancos.
Aprendeu a rir de si e com os outros. 
Aprendeu a ser para os outros. 
Mesmo quando não está lá ninguém. 
E, tantas vezes, lhe faltaram. 
Ela, sabe de onde vem e para onde quer ir. 
Eterna sonhadora e desesperada resiliente.
Pinta os lábios que lhe disfarça sorriso, às vezes, parco. 
Veste-se de cor para se lembrar que nem todos os dias são cinzentos. Apaixonada por pessoas bonitas... por dentro. 
Apaixonada por gente de bem e que pratica o bem.
Sobre ela...?
Ninguém sabe o que lhe vai na alma. 
Aprendeu a calar, porque de todas as vezes em que pôs o coração cá fora, sugaram-na. 
Aprendeu a gostar de silêncios e a ser com ela. 
Fala sozinha tudo aquilo que gostava de poder dizer em alta voz. 
Não é certo nem errado, é a sua forma de se proteger. 
Não precisa da aprovação dos outros para viver. 
Não quer saber. 
Ela não é os outros... 
E os outros, não sabem e nunca saberão tudo sobre ela.

terça-feira, 11 de março de 2025

Se eu ainda sonhasse seria mais ou menos assim...


 

Gosto do cheiro que fica na pele depois do toque. 
Gosto dos resquícios de perfume que pairam no ar. 
Gosto daquele toque subtil, onde o meu nariz se cruza com o teu pescoço numa dança de desejos, onde ambos cheiramos a saudade. 
Gosto do "fica mais um pouco" misturado com o "ainda não foste e já te sinto a falta." 
E gosto ainda mais do "tenho de te ver!"
Gosto de contar os dias para estarmos juntos e gosto de te sonhar no meu dia a dia. 
Gosto das tuas mãos que me agarram pela cintura e gosto de ouvir a tua respiração no meu ouvido. 
Gosto de fazer planos acordada como se fosse viver dos sonhos que alimento e gosto de te observar em silêncio, sem que tu imagines tudo o que me passa pela cabeça. 
Gosto de me aninhar no teu peito, enquanto sinto os teus dedos vaguear por entre os meus fios de cabelo.
Gosto do jogo de luzes e sombras que te estampam o rosto pela noite dentro e gosto de imaginar de que cores são feitas as tuas vontades. 
Gosto de te ouvir falar de como foi duro o dia e de como estavas ansioso por voltar ao abraço-casa. 
Gosto desse cheiro a vida, desse pulsar à flor da pele... 
Sabes a conforto, cheiras a paixão... cheiras a problemas, daqueles que a gente deixa para resolver depois...

quarta-feira, 5 de março de 2025

Amores impossiveis.


 

Os amores impossíveis carregam uma beleza única, quase poética, que parecem existir entre o sonho e a realidade
Eles são como as estrelas, distantes e intocáveis, mas sempre brilhando, bem lá no fundo do peito.
Esses amores ensinam-nos o que é sentir com intensidade, mesmo quando a lógica nos pede que recuemos, mesmo que a vida nos apresente motivos para os deixar ir…
Eles ficam ali, como um segredo silencioso, pulsando a cada lembrança, em cada “e se” que nunca se concretizou.
Há algo de eterno nos amores impossíveis.
Não porque durem, mas porque nunca terminam de verdade.
São feitos de momentos não vividos, de palavras que ficaram presas na garganta e de caminhos que nunca se cruzaram.
E, mesmo com toda a dor que nos trazem, transformam-nos.
Porque no fundo os amores impossíveis não são sobre quem não ficou… 
mas sobre o que descobrimos sobre nós mesmos ao amar tanto, tão profundamente sem nunca alcançar o fim…

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Frente a frente com quem fui...


 

Hoje, sentei-me à mesa de um café qualquer, esperando por alguém que já fui.
Ela chegou dez minutos atrasada…como sempre. 
Enquanto eu, pontual, observava o tempo passar com uma estranha mistura de nostalgia e melancolia.
Quando ela entrou, vi nos seus olhos um brilho que já não reconheço em mim. Ela ainda sonha alto, ainda acredita que algumas pessoas ficarão para sempre. Vive com pressa, mas nem sabe exatamente para onde quer ir. 
Neste momento quis avisá-la de tantas coisas, mas, ao mesmo tempo, não quis arrancar-lhe a inocência que um dia me fez continuar.
Ela sentou-se à minha frente, curiosa, desconfiada e sorriu com aquele jeito de quem acha que tem tudo sob controle.
Olhei-a com tristeza e quis dizer-lhe: 
"Ainda não sabes, mas vais chorar por quem nem se importa contigo. Vais  perder-te em noites solitárias, tentando entender onde erraste. Vais duvidar da tua própria força, vais  sentir-te pequena e invisível."
Mas em vez disso, segurei-a pelas mãos e sussurrei: 
"Vai doer, mas sobreviverás. Irás aprender que não precisamos implorar por amor. Vais descobrir que algumas partidas são livramentos, que a solidão nem sempre é um castigo, mas uma oportunidade para te encontrares. Entenderás que ser forte não significa não chorar, e que ser feliz não significa não ter cicatrizes."
Ela  olhou-me como se quisesse perguntar algo, mas não conseguiu. 
Talvez tenha sentido no meu olhar a saudade do que fomos e a dor do que nos tornamos.
O tempo passou rápido, e ela, ainda apressada, disse que precisava ir. 
Como sempre, estava correndo atrás de algo que nem sabia o que era. 
Eu observei-a a afastar-se, e, por um instante, quis chamá-la de volta. 
Quis dizer-lhe que um dia, ela vai chegar na hora certa, no momento certo, na vida certa. 
Mas deixei que ela fosse, porque aprendi que cada um tem seu próprio tempo para entender a vida.
Ela foi embora. Mas parte dela ficou em mim.
E, enquanto o café esfriava, percebi que talvez eu também não tenha chegado no horário certo.
Mas cheguei no meu próprio tempo…