Abraça-me. Quero ouvir o vento que vem
da tua pele, e ver o sol nascer do intenso calor dos nossos corpos.
Quando me perfumo assim, em ti, nada existe a não ser este relâmpago
feliz, esta maçã azul que foi colhida na palidez de todos os caminhos, e
que ambos mordemos para provar o sabor que tem a carne incandescente
das estrelas. Abraça-me. Veste o meu corpo de ti, para que em ti eu
possa buscar o sentido dos sentidos, o sentido da vida. Procura-me com
os teus antigos braços de criança, para desamarrar em mim a eternidade,
essa soma formidável de todos os momentos livres que a um e a outro
pertenceram. Abraça-me. Quero morrer de ti em mim, espantado de amor.
Dá-me a beber, antes, a água dos teus beijos, para que possa levá-la
comigo e oferecê-la aos astros pequeninos.
Só essa água fará reconhecer o mais profundo, o mais intenso amor do universo, e eu quero que delem fiquem a saber até as estrelas mais antigas e brilhantes.
Abraça-me. Uma vez só. Uma vez mais.
Uma vez que nem sei se tu existes.
Joaquim Pessoa, in 'Ano Comum'
MINHA AMANTE
ResponderEliminarTu te foste.
E por instantes, eu fiquei só, sem nada.
Depois, quase de imediato
Encontrei uma amante.
Você se foi e ela entrou na minha vida.
Lentamente.
Agora, eu a tenho todos os instantes de minha vida.
É com ela que satisfaço a falta de ti.
Eu a desnudo.
Deito em cima dela, às vezes ela por cima de mim...
Não a largo mais. Fico com ela todo o tempo.
Agora, eu a amo, eu a beijo.
Mergulhamo-nos de cabeça um no outro.
Estamos juntos todos os dias.
Agarrados. Unidos. Únicos.
Agora eu e ela somos um só corpo.
O nome dela é "saudade de ti..."
PDR....